sexta-feira, 29 de maio de 2009

Escritor

O escritor, é um sujeito que escreve.
O escritor escreve histórias inimagináveis.
Coisas da cabeça de quem escreve.
Aquele que escreve o que vê.
Ou aquilo que sonha, ou aquilo que gostava de não ver.
O escritor fantasia palavras mágicas com cartolas silábicas.
Entre as vírgulas e as suas metaforizações, um escritor verbaliza divagações.
O escritor é livre quando escreve.
Um escritor, não é um artista, é sim, um escravo das palavras.
Um escravo livre nas transfigurações que torna reais sempre que versa.
Escritor, não é quem domina as palavras, é aquele que por elas é dominado.
Escritor, não precisa de reconhecimento, precisa de escrever.
O escritor, vive entre a nascença e a morte com sorte, se puder escrever.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Palavra Lusa

A saudade que só eu tenho.
A saudade que só Portugal sente.
Se disser que não tenho, a minha boca mente.
Se disser a palavra lusa…
Se eu disser, a palavra usa…
Usa o poder que lhe foi dado.
Poder que estava escrito no fado.
A palavra que fez chover.
É o luso sentimento de falta
A falta lusa que me faz escrever.
Aponto todas as faltas.
Mas nem te conto o que me faltas.
Lusa saudade, tu faltas-me sem conta.
A palavra é única e conta, o sentimento.
Fadista sem Fado, ser artista vadio, o vaiado.
Saudoso dos tempos em que o manifesto tinha valor.
Sem valor, sinto o valor da palavra.
E sentado vejo a chuva de mar.
O poder da palavra numa palavra sem tradução.
É o poder retirado ao destino, sem palavras nem divagação.
Faltas em expressão única e lusa.
Faltas e a saudade é a palavra que te acusa.

Revolução Silenciosa

O silêncio está tão tenso que se ouve no ar.
A revolução vai agora nascer.
É o sentir de um coração a pular.
Ansioso e expectante com o que vai acontecer.

A revolução rebenta muda.
Nada muda, nem tão pouco o silêncio.
Falas, mas alguém te interrompe “caluda!”

Tudo a espera da ordem que traga o progresso.
Uns gritam “Vitória” mas o silêncio está de regresso.
Revoltas-te no silêncio e gritas mudo.
Façam o que fizerem eu silencio e não mudo.

No silêncio vou (re)evoluindo.
E mesmo quando complica não paro e sigo sorrindo.
Até que estoira, e o barulho é real.
É tanto que parece um feriado nacional.
O silêncio fez a sua revolução.
(Re)evoluiu e cresceu para barulho.
Agora falas e ninguém te cala.
Essa é a verdadeira expressão de revolução.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Especulações

Ao ver um fragmento e idealiza-lo completo.
Procuro ter o raciocino correcto.
Encontrei a peça de um puzzle e imaginei como seria.
Visualizei uma bela imagem, era mesmo isto que queria.
Continuei a fita-la e vi que carregava um amuleto.
Não sabia porquê, nem para o que realmente serviria.
Perdi um dia a pensar, totalmente a toa, a tentar adivinhar.
Especulei e considerei sem fim.
As hipóteses eram tantas, e todas nasciam em mim.
Mas então divaguei com sentido.
Perdi tempo e andei no tempo perdido, mas no fim não foi tempo perdido.
Conclui só com base numa peça.
Tudo o que especulei foi por mim condicionado.
Não haviam certezas, e a verdade era essa.
Tentei adivinhar, mas acertei ao lado.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desconcentração

Quero divagar, mas divago mais do que quero.
O nexo ausentou-se, mas há-de regressar e eu espero.
Aguardo, pacientemente, pelo nexo e por um abrandar de ideias.
Sento-me a olhar o vazio e já crio teias.
As aranhas andam a minha volta e tecem uma prisão.
Mas a mente não prende e voa livremente.
Solta e totalmente desconcentrada, ela voa em direcção a nada.
Dá voltas ao mundo e volta ao vazio do olhar.
Aterro no ninho, e o silêncio faz-me ouvir o ar.
E a aragem corre enquanto assobia baixinho, uma corrente de ar assobiada.
A mente continua o seu voo migratório e sem sentido.
A divagação volta ao ritmo desejado.
E como se fosse músico divago de ouvido.
Preciso, certeiro e exacto, toco a musica que vai salvando a concentração.
Hoje é daqueles dias que gostava de estar inspirado.
Podia voar com sentido e parar sem ouvir o vento.
Se não fosse o estar desconcentrado…
As teias não me prendem, mas pelo menos foram tecidas.
Não divago, mas registo as tentativas para não serem esquecidas.
Pelo menos tento.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Eborense

Sou a encruzilhada de ruas que me levam ao meu centro.
Sou Património Mundial.
Sou o Templo e a Sé.
Sou a calçada que piso.
Sou a história e a glória.
Sou o Alentejo em pleno.
Sou os jardins e as fontes.
Sou a cultura.
Sou as muralhas, o céu e o Sol.
Sou a simplicidade dos costumes.
Sou e sempre serei o abrigo dos meus.
Sou a Praça e os Largos.
Sou muito mais…
Évora é onde sou.

sábado, 9 de maio de 2009

Caminhos

Um ser que nasceu não sabe o caminho que tem pela frente.
Não sabe o ser, não sei eu, não sabe toda a gente.
Mas a estrada é longa e insegura e os atalhos insertos e perigosos.
Por isso mantém-te na estrada que por si só já é uma aventura.
Não ligues aos atalhos que te tentam e te chamam para a loucura.
Se entrares já não sais, se caíres já não te levantas.
Ficas preso e já não te valem deuses nem santos nem santas.
Eu caminho da nascença até ao fim, sem perder a fé na minha crença.
A minha religião, é crer em mim e caminhar de cabeça erguida.
Nunca parar e evitar os becos sem saída.
Por isso á partida sei que vou caminhar a vida toda e quando parar parei de viver.
Tenho a certeza absoluta que é assim que vai ser.
Faz parte, o caminho é uma tela e caminhar é uma arte.
Artisticamente vou caminhando e divagando enquanto teclo.
Mas de vez em quando, sem parar, abrando e peco.
Derrapo e faço uma marca no caminho para assinar a estrada com a minha presença.
Para que quem vier depois saiba que lá passei.
Lá caminhei, vivi e pintei.
Ainda não fiz o caminho todo, fiz um pouco.
Creio, que ainda tenho tela, para poder continuar a, artisticamente, ser louco.