segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Pés frios demais para conseguir
Em tempos andei por cá como quem estava pleno de ar, hoje o meu cérebro insiste em asfixiar os meus dedos.
Sem medos, apenas falta de ar, sigo e não consigo escapar.
Sufoco, de tal forma que começo a achar que já não sei escrever.
Só consigo dizer que tenho os pés gelados, parecem cubos.
E ocorre-me que talvez nunca tenha sabido escrever.
Parece que falta o ritmo, o ser maníaco que fui, agora não sou e não flui.
Regredi, amputado das ideias expiro apenas, sem inspirar.
O ar, esse está viciado no andar do tempo.
Aqui não durmo e sinto-me doente sem o estar, fraco sem o ser.
Sinto-me a desaparecer, fui salvo e salvador, entre outros seres da minha imaginação, agora não passo de um anão, que olha para a gigantesca desinspiração.
Li coisas minhas que tinham compasso, que me faziam perguntar a mim mesmo onde iria buscar tais coisas, a que baú?
Agora pergunto-me mesmo, a que baú, que gaveta, onde?
Tenho os pés gelados e estou cansado, talvez esta já não seja a minha casa.
Talvez nunca tenha sido, mas seja como for, alguém mexeu nas coisas, a minha memória era diferente em relação a este espaço.
Não sei se devo insistir na espera para que me surja algo, ou se me acomodo.
Lembro-me que na minha polaridade dupla, produzia quando andava em baixo, mas por cima também me saia qualquer coisa.
Agora não me saí nada, estou deprimido como estava nessas alturas, talvez mais, porque antes produzia e animava, agora não consigo e pioro.
É preciso estar quase a morrer para escrever um poema, uma divagação ou uma merda de uma quadra que nem rime.