A sabedoria, o conhecimento, as certezas e todos esses dogmas.
Há não muito tempo, encontrei-me pleno de confiança.
Uma confiança quase absurda, que entre encontros e desencontros.
Uns no papel, outros, na ideia.
Estas verdades absolutas que passeavam na minha cabeça estão, agora, com menos coerência, mais dúvida.
Aquela luz magica que por vezes se acende na presença da ideia, imaginariamente.
Fundiu-se, e nesta escuridão onde havia um saber, há, algo, não sei bem o que porque não consigo ver.
Mas sei o que não é.
Não é sabedoria, não é bom senso e se for loucura, já lá estava.
Sem o conhecimento que pensei conhecer, rodeado de ideias fogosas que consomem todo o oxigénio para arderem, asfixiei de tanta ideia maravilhosa me ocupar o pensamento.
Estive inconsciente durante algum tempo, não sei ao certo.
Nem sei, tão pouco, se já estou consciente ou ainda estrangulado com as minhas ideias.
Penso, mas não chego a lugar algum, tenho um barulho infernal que abafa todos os outros focos de luz que se passeiam na minha mente como se de pirilampos se tratasse na, mais escura noite do ano.
Já não vejo o que escrevo, já não leio o que escrevo.
Escrevo as escuras, as cegas, mas enquanto vou tacteando estas frases aproximo-me de algo que se assemelha ao dia, a luz, ao conhecimento e finalmente a sabedoria.
No entanto ao recuperar a certeza, as verdades iluminam-se e sei que quanto mais iluminado estiver, pior vou estar, porque as ideias asfixiam-me e não sei escolher entre a luz e o ar.
Posso escrever ate perder novamente o sentido, ou posso em toda a sabedoria sufocar porque o fogo que arde com as ideias é o mesmo fogo que me tira o ar.
Pequenas coisas sem meio-termo.
Entre o ar e a sabedoria seria burro se escolhesse o saber.
Terei, assim, uma réstia de sabedoria que me permite escolher respirar, ou será apenas o instinto ou mesmo a sorte?