Numa tentativa, forçada, para apanhar o sono.
Começo a bater, de uma forma rítmica, nas teclas do portátil.
É uma dança, esta que escrevo.
Não é nenhum género em especial, é a musica que a minha dor de cabeça ecoa.
E pego na água para metaforizar uma sede de escrever.
Uma sede que me seca os dedos nas paragens que faço para dar a volta as quebras de raciocínio.
Procuro assim, um poço que me dê alguma água neste deserto desinspirado.
Numa gota consigo ensaiar mais alguns paços desta estranha dança onde me piso a mim mesmo de tão desajeitado ser.
Forço novamente e espremo esta cabeça dorida por umas gotas que me permitam matar esta sede da escrita que, normalmente, depois de morta me ajuda a dormir.
De golo em golo vou eliminando a secura, e entre a escrita e conversas paralelas no messenger oiço mais uma música que não me desagrada e que por estranho que possa parecer, momentaneamente, afasta-me desta dor de cabeça.
Viajo ao fechar os olhos e isto quer dizer que a sede já não é tanta, mas continuo a precisar de água que como me disseram será um sinónimo de pureza.
Mas longe de mim ter a arrogância de escrever sobre a pureza, uma vez que ando longe de ser puro.
Mas aceito a sugestão, e porque não tentar só uma frase que possa transmitir a ideia rebuscada de que a água é tão necessária para a vida como a pureza o é.
Acerto no poste como todos os meus palpites hoje nele bateram.
Ainda que verdadeira não é uma frase rica em sentido, por isso volto ao pensamento anterior e espremo o cérebro mais um pouco, felizmente já tomei um comprimido senão seria um tormento este exercício que hoje é feito a conta gotas como se de uma torneira mal fechada se tratasse.
Sem querer estender mais do que necessário estou quase a encher o copo que vou beber antes de dormir.
Fiz uma pausa para fumar um cigarro e estou de volta ao poço seco onde cavo por água.
E o copo que está cheio começa a transbordar, o que me indica que finalmente apanhei o sono, já posso dormir.