Tal como o alcoólico, o tarado vive descontrolado, fora de si.
Não tem poder nem manda nada, está a deriva no oceano da vida.
Desidratado, talvez alucinado, a visão treme.
Nada mais, nada menos do que nesse tremer visual, o preciso momento chega, a tara esta aí, não vi, juro! Não estava atento.
A visão turva distorce a sanidade enquanto torneia a loucura.
Esta loucura incurável, sem remédio nem solução faz do tarado um outro ser.
Irreconhecível ou ate mesmo outra personagem.
Um demónio na posse de um corpo ansioso pela visita purificante, que possivelmente não exorciza nem acalma a tara.
O tarado já não vê terra, ao sabor das ondas vagueia num mar de sereias que não são sereias e não são nada.
É sol, aquele que torra o cinzento e que queima as mentes, cheias de ideias e ideais que viajam, para longe, na perversão.
E sem razão de ser, definitivamente, sem razão para reclamar culpa o sol pela torra e a tara pela natureza e pelo sangue.
A indefinível panca, que lança o marujo ao mar e o devolve a terra tarado, é a própria tara, o tal vício, ossos do ofício.
Estas taras, o tarado.