Vou divagando numa madrugada chuvosa, sentado na noite.
Não ando a chuva, não me quero molhar, tenho medo da gripe e de todas essas febres.
Poderia usar um guarda-chuva, para evitar as pingas, mas melhor, estou em casa.
A noite onde me sento é o sofá da sala, as divagações são, apenas, um vagabundear imaginário sem sair do sofá.
E a chuva, a chuva é real, mas está lá fora e oiço-a apenas.
No entanto já divaguei, já me sentei, já me molhei, já me engripei e isto, claro, porque já andei a chuva.
Todos andamos.
Assim, hoje a chuva em que percorro é uma chuva da qual estou protegido.
Não estou molhado, estou sentado no sofá, enrolado numa manta, a fazer isto que poderá ser uma tempestade ou, simplesmente, um copo de água.
Mas a verdade é que hoje não estou a conversar no Messenger nem estou a ouvir musica.
Completamente sozinho, tenho os pés frios, gelados.
E ainda não me decidi a ir buscar umas meias ao quarto para aquecer os pés.
Estou aqui a vagabundear, preguiçosamente, sem sair do sofá.
Mas gosto da chuva, gosto da noite, gosto da gripe, só não aprecio os pés frios, no entanto acredito que se assim não o fosse hoje não me seria possível vagabundear.
Acredito, afinal para vagabundear há que ter os pés frios.