É inevitável voltar ao lugar, sentar-me a meditar e ir e voltar sempre ao mesmo lugar, tresloucado e a divagar. Num lugar entre isto e a realidade passa um enredo em que o mais amargo, o azedo, o obscuro ângulo do que salva, ate esse se enreda. São muros apertados que fecham no passo a fechar, o fecho que faço ao passar e a trama faz-se enquanto tento ir para outro lugar, nem sei se é o dia, nem sei se é a noite, são armadilhas e pressões e sonhos e brilhos que te cegam a razão, dizem que tens que ir a luta, tu vais e lutas. Dizem-te que te tens que estudar, tu vais e estudas, ate te dizem não faças nada disso faz sem sistema, tu vais e sem sistema não fazes, nem fazes quando estudas e quando vais a luta também não fazes.
É inevitável quebrar as rotinas, mesmo quando não as há, tal como o é de as criar, estas rotinas.. Esta passagem estreita que faço, agora invisível e mudo, no mundo que grita para surdos, para que os mudos façam palavra. Rotineira e com um cariz terapêutico, são explosões nas frentes convidativas e filmes e objectivas na produção, salvação para o insano e para o são.
Que são todos os que sou, sem grandes contas e rascunhos e tintas nos punhos da camisa, ou presunção, mas por agora ate posso ser apenas o mágico, que agita ideias enquanto magica sereias de cantos espantosos e que te atiram ao mar, nadas? Não era nisto que estava a pensar, sem grandes contas e sem querer fazer disto uma coisa pessoal, ri-te e atira-te.
Estas a ser preso pelo teu enredo, o dom mais azedo do presunção, o certo e absoluto nos laços que dás com veludo para que não expluda e explode ou ameaça, depende da sorte e dos danos e dos panos quentes com que amornas a fuga.
Parece realmente irreal, pensar este pensar sem achar que vou chegar, aquele lugar do ir e voltar e ir e ficar. Ponto tresloucado em que falas sozinho, espera, mas já falas. O outro ponto a seguir, em que falas com pinhas e garrafões de água, já mal da pinha e a meter água, esse ponto.
A grandeza pode ser questionada se achares que deves fazê-lo, se achares que é o teu dever, deves fazê-lo.
Evocas estrelas para que te guiem na iluminação da sua rota, temes vender a alma, mas não o excluis, como que o trunfo mais proibido para perderes enquanto achas que vais vencer.
A parte da tua alma, que como se fosse uma nuvem, tem a forma de um caixote, uma arca ou uma caixa, como a de Pandora, a morte da alma em troca de tudo o que o desejo adora.
Sabes que podes fazer mais, mas tens feito tudo o que te disseram para fazer e tudo o que te disseram para não fazer, falta fazer o que? Falta, troço, fazer algo que nunca tenha sido dito, algo nunca desaconselhado, nem nunca encorajado, algo nunca tentado, nem tão pouco pensado. O quê então? Salvo achas que inovas ou que o vais fazer, eventualmente, tu, eu e toda a gente.
Dementes e inspirados, antes isso a serem deprimentes e sãos, desinspirados. Era o que escolhia no dia em que essa escolha se poria, esse dia não acontecia e eu já temia, ate porque no fundo já sabia e atempadamente decidia, escolhia o que disse que escolheria no dia que não chegou e tanto queria, que chegasse e passasse promovido, não de facto, mas no meu sentido e distorção no ouvido, a demente inspirado. Guru impuro e frio para o futuro. Já nem sabes o que dizes, nem como te intitulas, nem tão pouco existes, evaporas como uma miragem e acordas no céu, com nuvens, varias nuvens todas elas diferentes, tens as nuvens em forma de estrela, tens nuvens que são deusas e nuvens que divagam, tens todas as nuvens e a caixa, tas na tua alma e entre isto e a realidade. Pensas que chegou a hora de abrir a caixa, deixar vencer o desejo, o erro, a fatalidade de seguires o trilho do mel, da abelha que me quer na sua colmeia, e vais abres e deixas vencer e desejas ter errado antes, ter cedido logo, tas cego. Ela ferra-te com fel e tu tens a boca doce, transformas isso em mel, fazes o teu papel, actuas e compactuas, fazes das tuas quando sabes ser e dizes que as culpas são tuas e sais, ileso a fazer estragos, ou sairias se não fosse esta a tua vez de estar cego, em lugar do papel e do cegar. Então ficas, vais para onde fores e vês as emboscadas montadas, estás paranóico e começas a gostar menos das pessoas, todas não, mas pessoas em geral, e questionas-te se serias um perigo para o mundo.
Ris-te e dizes a ti mesmo ainda feliz pela permanência no ponto tresloucado ainda de ponto certo e ritmado. Já o sou digo do alto do meu umbigo convicto que faço estragos, numa qualquer proporção, seja inversa ou directa ou qualquer outra estatisticamente fodida. Já o sou porque muito ou pouco devolvo ao mundo o estrago que o mundo faz em mim, neste ponto estático, do ângulo em que aponto, mais um ponto, divagado pelo sempre tresloucado, o salvo.