O corpo funciona em piloto automático, mas reage num atraso sistemático.
É o cansaço que bate, bate e vai bater até que lhe abra a porta para o meu corpo se render.
Mas o poder da mente é grande e é nela que me refugio, por isso resisto e aguento, não desisto e ignoro o cansaço que insiste em bater.
Estou acordado, não durmo nem pestanejo, porque temo que se o fizer os olhos não queiram voltar a abrir.
Sinto que deixei de ouvir o cansaço. Relaxo.
Até que vivo outra vida, é irreal não é a minha, mas sou eu o personagem principal e gira tudo a minha volta.
Não entendo esta troca de vidas em papéis que me são atribuídos para representar e eu nem sequer sou actor.
Olho de novo em meu redor e vejo mais uma vida que não me pertence e pessoas que me chamam mas não pelo meu nome.
Chega a dúvida e eu já nem sei quem sou, sou o actor ou sou o personagem?
A dúvida que há pouco tempo chegou, trouxe malas, e rapidamente se instalou.
A confusão cresce e a dúvida é cada vez maior, agora está gigantesca e mete medo.
É a loucura que me procura e eu escondo-me no actor, escondo-me no personagem e escondo-me em mim.
Mas a loucura encontra-me sempre, como se fosse parte de mim.
Cada vez sei menos. Sei apenas que fui abandonado pela lógica e estou sozinho com a loucura, que é como uma sombra sempre comigo. Perdi o sentido.
É o pânico, e quando penso que a loucura se apoderou de mim o cansaço volta a bater, mas bate cada vez com mais força e bate de forma ensurdecedora.
Já não estou sozinho, tenho o cansaço.
Volto a ser eu, sem actores e sem personagens, olho a minha volta e vejo novamente a minha vida.
Chego a conclusão que dormir de olhos acordados é um perigo para a mente, porque o seu poder é grande mas tem limites e é no limite que a loucura te deixa na dúvida entre o real e o irreal.