quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desconcentração

Quero divagar, mas divago mais do que quero.
O nexo ausentou-se, mas há-de regressar e eu espero.
Aguardo, pacientemente, pelo nexo e por um abrandar de ideias.
Sento-me a olhar o vazio e já crio teias.
As aranhas andam a minha volta e tecem uma prisão.
Mas a mente não prende e voa livremente.
Solta e totalmente desconcentrada, ela voa em direcção a nada.
Dá voltas ao mundo e volta ao vazio do olhar.
Aterro no ninho, e o silêncio faz-me ouvir o ar.
E a aragem corre enquanto assobia baixinho, uma corrente de ar assobiada.
A mente continua o seu voo migratório e sem sentido.
A divagação volta ao ritmo desejado.
E como se fosse músico divago de ouvido.
Preciso, certeiro e exacto, toco a musica que vai salvando a concentração.
Hoje é daqueles dias que gostava de estar inspirado.
Podia voar com sentido e parar sem ouvir o vento.
Se não fosse o estar desconcentrado…
As teias não me prendem, mas pelo menos foram tecidas.
Não divago, mas registo as tentativas para não serem esquecidas.
Pelo menos tento.