Eu e uma parte de mim que não conheço, mas que sem duvida é a minha melhor parte.
Não que o resto de mim é mau. Não é, suponho.
A questão é, eu e o meu verdadeiro ser.
Eu e eu.
E depois de introduzir o devaneio de hoje, explico.
Hoje é uma daquelas noites, noites vivas.
Porque os dedos estão vivos e vão agredindo as teclas sem remorso.
Aceleram, travam, passam traços contínuos e cometem todo o tipo de infracções na lógica da escrita.
E nesta criminalidade poética. E sorrio para mim, ao usar a expressão poética.
De poesia estou seco, perdão, sou.
E continuo a infringir a lógica e fujo da autoridade gramatical.
Quase tenho vontade de comentar o acordo ortográfico…
Mas não comento e continuo, eu, a minha alma e os meus disparates.
Hoje é casa cheia na minha cabeça, é uma festa e eu estou por todo o lado.
Sou o anfitrião, o convidado, o empregado, sou todos os presentes e ainda consigo ser metade dos ausentes.
Ou seja, entre agressões as teclas e infracções á lógica da escrita, sou um fugitivo na noite viva.
Eu e a minha alma, eu e o Salvador, ou… eu o Salvador, a minha alma possuída por uma vontade de escrever e alcançar toda e qualquer alma que, tenha a santa paciência, para ler esta divagação ate ao fim.
Paro um momento e apanho a ponta do fio que traz o meu raciocínio e tento agarrar a lógica para a mal tratar.
Em nome da alma, e dos seus espelhos.
Os meus dois espelhos, estrategicamente posicionados na cara, falam por mim.
Mas nesta forma de expressão eles nada podem senão espelhar o que escrevo.
E antes que me apanhem a vaguear de tecla em tecla, recolho-me e rendo-me as evidencias.
Nem eu, nem a minha melhor parte, a alma, para quem se esqueceu da introdução, estamos a altura da festa que a minha cabeça abriga.
Eu, a minha alma, o Salvador, a festa e a minha cabeça desejamos, ou desejo ser perdoado pelos meus poéticos crimes, gargalhada…
Sem salvação.