Cigarro após cigarro a nuvem de nicotina ganha forma.
Uma forma extraordinária apreciada por um par de olhos tão precisos como previsões meteorológicas.
A nuvem tem uma forma surreal e quase derretida, pelo menos, parece estar a desintegrar-se a par com a objectividade de outrora.
Viagens imaginarias levam as mentes a voar pelo mundo fora aos olhos de quem vê e processa a informação de forma profunda.
Altos e baixos, todos tem altos e baixos.
Há alturas em que parece fluir.
Há alturas em que estagna na primeira imagem composta por duas ou três letras.
E há alturas, que não são alturas, são épocas.
Aquilo a que muita gente chama de épocas de ouro ou épocas para esquecer.
São as chamadas fases.
Fases em que as letras se juntam e formam palavras, que por sua vez formam frases e que culminam em textos geniais, ou em textos sem textura.
Pessoas lêem e interpretam, logo é possível andar a volta das letras e das suas formações sem grande magia.
Porque a magia acontece dentro de quem lê e se deixa tocar pelas próprias conclusões.
A magia é juntar ideias, visões e torna-las aceitáveis para quem olha e julga.
A magia é não ter ideias, nem visões e juntar nada para quem olha e julga conseguindo providenciar ideias visões e bons julgamentos.
A magia é tirar um coelho da cartola e fazer com que este desapareça na nuvem de fumo.
Surreal ver o coelho sair da cartola e assumir a forma da nuvem.
É um grupo de letras ordenadas ao critério do criador ganhar forma para se desintegrar por completo num olhar que julga e não aprova nem a visão nem a ideia.
Cigarro apôs cigarro, palavra atrás de palavra, julgamento atrás de julgamento.
Com ou sem magia, visões de um Salvador.