O domínio que tinha é quem hoje me controla.
O controlo que possuía, a dominação que me possui.
A segurança que me marcava é a incerteza que me demarca.
Na livre perspectiva, vejo-me preso a uma vista.
Perdi o palco e o publico, deixei de ser artista.
Encontrei quem queria e perdi-me de quem achei.
Inverti o processo irreversível.
Não me governo desgovernado e o que sabia já não sei.
E caí do trono onde a mim me desinstalei.
Agora vejo a perda que não pensei ser possível.
Inverso e dominado, teclo calado o que sinto num mundo trocado.
Preso na liberdade adquirida pela atenção que não foi cedida.
Necessito do que foi necessitado e divago inversamente.
Gelo com o lume que me queima e ardo com o gelo.
Insisto, não desisto, resisto com teima.
O Salvador por salvar divaga discordante.
Vagueia descalço e num sentido arbitrário.
A lógica que via está agora ao contrário.
Os momentos são horas.
O bom é o mau.