Raios invadem-te o aposento a medo.
Enquanto a claridade me traz de volta.
As ásperas pinças erguem-se preguiçosas.
E com a calma de quem prevê.
Tocam na face e não reconhecem, não pertencem.
Nem a face, nem as pinças nem um único pensamento.
Ver o tímido acordar do Sol a raiar.
Gradualmente trespassar o teu isolamento.
Como um qualquer ser da noite, evito a luz.
Fujo, ainda não me quero queimar.
Mas queira ou não, nada pode ser feito.
É inevitável, jogas com as palavras.
O fatal é a derrota, desfeito.
Não fazes as regras e perdes, queimas-te.
Palavras, Chamas, Musas e Força.
O Sol assusta-se e retrai-se.
Desaparece novamente na dor dos teus olhos.
E o frio apodera-se do interior dos ossos.
Mas não tremo, vejo-me no reflexo de uma poça.
Não me conheço, nunca me vi, não sou eu.
Tenho o diabo no corpo e exorcizo-me.
Grito, escrevo e venço o demónio.
Mas a dor ainda dói, persiste em mim.
Esgotado e ainda a fugir da luz.
Só um canto do abrigo permanece na sombra.
A Alma Solitária germinou a esquizofrenia.
Fechou os olhos e sofreu por outro dia.
Na Sombra do Sol.