sábado, 22 de maio de 2010

O Doido e o Ofício

Admiro a pureza do Doido.
É puro, verdadeiro.
Conhece alienação, sabe da demência.
É retórica sem protocolo, pouco ortodoxo.
Sou o aleatório mais casual por excelência.
Que se dane suposto.
Já sou Doido com posto.
E aposto sem garantes.
Consciência insana, como nunca antes.
E visto-me a rigor, uso alguma paciência.
Codifico um mito e fabrico um herói.
Inspirado em druidas e salvadores barbados.
Ou até feiticeiros abençoados.
O poeta é uma palavra.
Um palavrão!
Numa camisa-de-forças!
Entre sílabas e forcas.
É um estoiro sem escala…
Organismo sem rédeas rentes.
Enraizado em mangas gigantes.
Que te rodam como quatro paredes.
É calmante, sou anestesia e viagem.
Vista na melhor das lentes.
Vivo por mundos selvagens com animais gritantes.
Inspiro hoje uma vida sem cinto nem mensagem.
Numa jornada de Gigantes.
Sou premiado pela ironia.
Pesada como os segundos do mais longo dia.
Ainda registo nos tais jornais.
Salvo os episódios do hospício.
Por entre os doidos reais.
Os meus, os geniais.
O Doido e o Ofício.