quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Teórico Inconsciente

Marteladas numa Cabeça Abalada.
Teorias Inconsistentes.
De um Divagador com ideias amassadas.
Tudo ecoa num nível forte.
A racionalidade anda por cá.
Também anda a Ressaca e a Expectativa.
Teorizo sobre o que me reserva depois deste dia.
Imagino sem lógica, como já se previa.
Estou capaz e pleno de Musas.
Ao mesmo Tempo que nem sequer estou.
Penso sobre Dias Passados e Dias Futuros.
Sobre Hoje não penso apenas Torço.
E troço com este estado que sensibiliza.
Por dentro da Mente, bem no fundo da Alma.
Sou, O Teórico Divagador e inconscientemente um Quase Escritor.
A regra é deambular sobre o que me toca.
Altamente Egocêntrico e Narcisista.
Ou talvez nem tanto.
Mas é o Espanto e a Surpresa.
Quando ponho Teorias em cima da mesa.
Com Balanças e Desmedidas Doses de Sobriedade.
Estou doseado.
E sem equilíbrio.
Solto-me e Vou livre, na bamba corda.
Liberto-me, de Cabeça Abatida na espera.
Da Cabeça teimosa, que hoje não acorda.
Sou Inconsciente e sem Consistências.
E Teorias, faço-as sobre mim.
Libertações técnicas em Escritas sem fim.
Fim de Finalidade, porque o fim da temporalidade.
Esse esta quase.
Já Teorizei Hoje, sobre o que foi, será e tem sido.
Repouso no Eu, O Divagador, O Teórico Abatido.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Muralha das Divagações

Eu Sou todos nós, em mim.
Em mim todos vós, São.
Sou essa mistura desmedida.
De Louca Sobriedade.
De calor, secura, frio e humidade.
Sou a Muralha de onde sou.
Mas mais forte.
Impenetrável.
Gelo sem pólo.
Inquebrável e ainda mais Frio.
Levanto os Muros.
E só os sons passam.
E só alguns deles conseguem.
A maioria esbarra.
E a pequena minoria que passa…
Essa…Chega ao alto tão baixa e tão fraca.
Que quase não se faz ouvir.
Vou do Deserto ao Pólo num Sopro.
Aqueço e Arrefeço, Invicto.
Enquanto tudo o resto Quebra.
Eu, enquanto Muralha.
E todas as personagens de pedra que me compõem.
Ficamos além do Tempo.
E só fica comigo.
Quem escrever em mim.
Quem me marcar, para que eu marque.
Um desenho louco no meu espaço.
Com Palavras e descrições.
Na Muralha das Divagações.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Quadra

Não queria pronunciar-me sobre isto.
Esta época de festa e espírito.
Já fez mais sentido.
Já foi mais sentida.
Mas apenas é mantida.
Pelos Rebentos sedentos de Magia.
É só por isso que esta Quadra.
Desenquadrada daquilo que era.
Não me passa ao lado.
Por isso não quebro e conservo.
Para a manter o brilho.
Dos que Não Renego.
Sem mais para acrescentar ao truque.
O Mago tem dito sobre a Quadra.
Simples e directo.
Na manutenção somente pelo Afecto.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Pseudo

Disseram-me que não existes.
Tu, fruto da minha Inspiração.
Loucura e Escrita em forma de Divagação.
Novamente, Recuso!
A minha Musa é, apenas, Fonte da minha Imaginação.
Disseram.
Não acredito que seja, Nada mais que criação.
Da minha cabeça, dos meus Loucos Seres.
Se assim é, expliquem-me o que tem sido.
Divago Sem Salvação, mas também Renego.
E sem Musa, o que é que uso quando Rego?
As minhas Palavras com ideias insólitas.
Desinspiração?
Auto-Inspiração?
Rejeito que assim seja!
E mesmo que fosse.
Fruto da minha Esquizofrenia.
Ao tempo que sou Louco.
Já dei lugar á Criação.
Ao Nascimento e Invenção.
De todas as minhas Musas.
De todos os meus Personagens.
Que eles e elas hoje São.
Partes de mim numa Realidade Desconhecida.
São Imaginação a ganhar Vida.
Sou uma Fonte em mim mesmo.
E Rego-me com a Loucura que Crio.
Divago, Renego e Rio.
Faço de Tudo um Pouco.
Eu, o Criador de Criações Fictícias.
Que nascem e vivem.
E que existem e existirão.
Sempre que existir, O da Divagação.
As Imaginações que fiz Reais.
Deixo mais uma Divagação.
Eu novamente, o nosso vosso Louco.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Fontes de Inspiração

Hoje sento-me no frio.
Que gela os ossos.
E os nossos, brilhos e ideias.
Nas Fontes de Inspirações.
A Rua, o sitio do costume.
O quinquagésimo segundo.
Sítio desse sítio em que me ilumino.
Desde criança, sempre criança.
A idade avança, na cidade museu.
O tempo não para.
Nem me paro Eu.
Fontes que, são secas quase todo o ano.
Fontes alentejanas e o seu coração.
Sim, é o sítio onde mora O da Divagação.
Sem dúvida, que todas as gotas são importantes.
Para mim e para a minha inspiração.
Para todos nós, Os desta região.
No gelo que se faz notar lá fora.
Eu aqueço-me nas letras cá dentro.
Porque Elas são musas.
São e sempre serão Fontes de Inspiração.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Não Quero

Dispenso essa recaída.
Recuso-me a retroceder a vida.
Posso andar sem saída.
Mas tenho a Mente decidida.
Sigo sem olhar para trás.
Quanto mais voltar.
Doido e Maldito, estou em Paz.
Sei que Sou e Serei capaz.
A Voar entre Divagações.
De, sem Voltar no Tempo.
Ser Aquele Rapaz.
E congelar o momento.
Que Fui quando era Profeta.
Mantenho a direcção e Voo em linha recta.
Ao Anonimato respondo que Não Quero.
Renego tudo isso.
E Salvo-me, esse é o meu compromisso.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Circulo Vicioso

Nas voltas iguais.
Nas voltas e tais.
Companhias viciosas.
Circula-se para a estagnação.
Presunção decadência e o maior dos vícios.
Não há evolução.
É Tudo sem perspectiva.
E mesmo quando se perspectiva.
É Nada e circula.
Naquela volta comprometida.
Aquela roda sem saída.
Não paro no tempo.
Paro perante ele e assisto.
A Tudo isto.
A Nada, desisto.
Não de circular.
Apenas de perspectivar.
Repito-me tanto em palavras.
Como elas me fazem repetir.
Decadentemente, relego-me.
Ao Estatuto da renegação.
Ponderação.
Divagação.
Palavras.
Soltas.
E Paixão.
Rodo o mesmo caminho vezes sem conta.
Rodo tanto, que o chão aponta.
Cede e afunda.
Cedo e afundo.
No caminho viciado.
O caminho errado em que circulo.
Cada vez mais refém dos mesmos passos.
Cada vez mais preso e com menos espaços.
O Renegado rodeado pelo circulo sufocante.
A contar o tempo.
A contar ao tempo.
Que espera o momento.
Perfeito quadro de manias.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Bando de Loucos

Escrevo para ti.
Escrevo para vocês.
Escrevemos para ti.
Escrevemos para vocês.
Somos Loucos e estamos cansados.
Nem cansados, nem Loucos desistimos.
De escrever uns para os outros.
Nós, todos Nós!
Os Meus e os Vossos.
Os Reais e os Fictícios.
Os Exemplares e aqueles Cheios de Vícios.
Todos temos a mesma inconsciência.
Vencemos as nossas Loucuras.
É com persistência e por vezes irreverência.
Que escrevemos os nossos desenhos.
Que cantamos as nossas curas.
Nas Palavras que muitas vezes nos deixam mudos.
As mesmas que por vezes vos deixam surdos.
São elas o remédio e o mal.
São elas tudo e nós sem elas nada.
As Musas, a Criação e a Estrada.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Tempo e Luta

Um Tudo, Dois Nada Sugestivo sem Sugestão.
É uma Alma em fuga, em mais uma Divagação.
Sem direcção Ela voa.
Como se tivesse asas.
Como se existisse.
Ela está sem estar, numa presença ausente.
Sem estrutura, Estatuto nem escalão.
Eu hoje sou arquitecto nesta Deambulação.
Com mais um cabelo branco.
Hoje sou o Sábio.
E sabido, tal como certo.
Acerto, sem erro e faço o pleno.
Pleno da convicção que afirma por mim.
Que quando se quer, se luta ate ao fim.
E mesmo quando as musas são confusas.
Mesmo quando o Caos se instala.
A Alma não sai.
A Alma fica.
Complica e acha que Simplifica.
Mas quer…
Aquela mulher, do tempo.
Dos tempos, Repetições e outros momentos.

Caos

Hoje estou sem saída porque divago em círculo.
Circulo a divagar para Os meus Loucos.
Maldito, sim Eu, amaldiçoado pelas palavras.
Todas elas.
Apago e escrevo para apagar novamente.
E apenas quero dizer, nem consigo escrever.
Apago, escrevo e reinvento-me em mais um verso.
Assim estou eu, Doido e converso comigo.
Monólogos que parecem diálogos.
Pensamentos soltos como um animal no zoo.
Numa Alma que não se parece com Nada,
De Pés Gelados e uma outra Divagação a meio.
Em Guerra com a Escrita.
Não faço reféns, mato todas as letras.
Porque sei, é na maldição dos seus meus desenhos.
Dessas muitas Palavras.
Que vou ser capturado pelos meus filhos.
Ou os meus Renegados.
Salvo ou quase, ou suposto Salvador.
Hoje Sem Salvação, mais uma vez.
Em mais uma Divagação.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Inevitável Mente

Ou inevitavelmente.
Gostei do que poderia ter sido.

Peva

Só não tem nome, O que não é.
Não ganhamos sempre.
Não perdemos sempre.
Mas sempre que for.
É para Tudo ou Nada.
Hei-de ganhar.
Hei-de perder.
Resignado ao que tiver que ser.
Estou Nada, não estou Tudo.
Mas Estou e é tudo o que quero saber.

Morte Nua

É quando despida de qualquer sentido.
Surge, não avisa, vence e é irreversível.
E hoje vi-a bem perto.
Nua e Crua, a vida perante o seu fim.
Despida de defesas, vulnerável no todo.
A verdadeira Vencedora.
A extinção, a terminação.
Quando é surpreendente.
E acorda a Mente.
Quando será mais perto, interroga.
Quando formos nós, ou a nossa gente.
Coloca, sem resposta.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Maços de Palavras

Fumo as letras que vou escrevendo.
Sei que mata, sei que divago, sei.
Mas são os cigarros de palavras.
Uns lícitos, outros nem por isso.
Que são responsáveis pelo comunicar.
Que está longe do esperado.
Por isso volto-me para os loucos.
Giro assim para mim.
E inicio a festa e é desta, sei que é.
Perdi iniciativa e entrego-me a Loucura.
A Boémia sem cura, e todos esses males.
Coisas maléficas e reprovadas.
Umas pensadas, outras queimadas em palavras.
Mas a maioria divagada sem escape.
E sem escape estou eu entre o fumo das minhas ideias.
Intoxicado com os maços por dizer.
Embriagado nas palavras por escrever.
Vejo-me multiplicado para me inserir.
Para não ser pesado, para ser apenas.
Apenas tão leve como a leveza existente.
Estes são os maços da divagação.
São apenas alguns, daquilo.
Daquilo que será a continuação.
Acendo-me e não travo, como um iniciado.
Fumo-me, como um viciado.
No vício de desenhar palavras.
A imperfeição das letras.
E a inutilidade do seu uso.
Auto intitulado, apago-me.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Duelos e Suspiros

O ritmo hoje é outro.
E o Vento, aquele Sopro.
Que já senti tão perto.
Sopra para lá.
Foi Tempestade, foi Copo de Água.
Não interessa o que foi.
Importa o que a Presunção deseja.
E o Pavão está pronto para voar.
Por entre Tempestades e Ventanias.
Enche o peito e respira fundo.
Encho-me no peito e viro o mundo.
De Brisas Inspiradoras a Tempestades e bloqueios.
Divago a favor do Vento.
Tento ver como funciona.
Vou e não singro porque o Ar não me enche.
Não quer Ofegar no meu caminho.
Há um Tornado que Sopra.
Esta Aragem que em mim se instala.
É Quente e Arábica.
Esta Brisa que me desliza nas ideias.
É um Vendaval Muçulmano.
E Divaga na minha direcção.
Ou eu queria Soprasse...
Não desisto e enfrento-a, no combate do ano.
E perco, vou sempre perder.
Mesmo que ganhe, perco sempre.

domingo, 29 de novembro de 2009

Escrita

Dizem que facilita.
Dizem que complica.
Eu digo que me irrita.
Quando não passa disso.
E respira fundo, hesita.
A atitude e acção.
São palavras de ordem e anarquia.
Ao Pavão, Pirata, O da Divagação.
Sou de gestos muitas vezes indigestos.
Mas a azia que provoco metaforizando.
É o fogo que acendo maltratando.
As teclas onde te falo.
As mesmas em que me calo.
Escrevo o fogo sem comparação.
Apago-me em Chamas de Incompreensão.
Faço Mil e Uma Palavras.
Em todas elas não chega, nunca.
Nem perto do alvo.
Atiro na Escrita com a mira torta.
Renego e vou divagando, não me interessa.
Faço aqui de conta, que não me importa.

sábado, 28 de novembro de 2009

Quando Tudo é Surpresa

Coisas inesperadas
Conhecer no acaso pessoas,
Que a prazo se mostram parecidas.
Egos em baixo, e curativos para feridas.
É sem querer que se sucede a implacável,
Inesperada e inegável,
Cumplicidade de quem conhece sem saber.
Proximidades distantes,
Nada importa, já nem quero saber.
O certo pareceu errado.
Apoiei e teria apoiado,
O indomável Pavão, o Endiabrado.
Hoje vi sem ver e conheci um conhecer.
Foi inesperado o que vi aparecer.
De contradições a surpresas.
Aos predadores e as presas.
Tudo ao contrario.
Sem definição nem dicionário.
As coisas inesperadas, não passam de coincidências.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Todos os Dias

Não é todos os Dias que se perde,
Uma pessoa como Eu.
Nem todos os Dias que se ganha,
Uma pessoa como Eu.
Isto é presunção oferecida.
É o excerto de um dia de uma vida.
Mas Eu até posso aqui estar todos os Dias.
É bem possível.
Mas também é certo.
Que não estarei todos os Dias.
A querer estar tão perto.
Como hoje quero.

Antepassada

Hoje sonhei contigo como se estivesses aqui
Porque sei que estás aqui, sempre estarás.
Sonhei que estava contigo e nunca tinhas partido.
Discutia-mos a tua bondade e pureza de ser.
Não foi estranho, foi normal.
Foi como se nunca tivesses morrido.
Foi natural apreciar a tua companhia.
Por um sonho, começo bem o dia.
Hoje vou ter-te em mente mais do que normal.
Tenho a certeza que vens ao meu lado para onde for.
Foi tão normal ter-te comigo que nem valorizei.
Foi tão bom e simples, que foi só quando acordei.
Nessa altura que abro os olhos e sei que estive a sonhar.
Foi tão igual, que desta vez também não me despedi.
Hoje, divago Eu a minha Alma e todos os do costume.
Avó, hoje Tu estás entre os loucos do teu neto.

Pão de Ontem

Hoje apenas anseio poder.
Poder publicar, não para ser visto.
Poder só porque sim.
E se posso, simplesmente faço.
Ou seja, o que eu hoje escrever.
Seja bom ou mau.
Não será nunca publicado no ponto.
Porque no ponto, seria apenas.
E simplesmente apenas, se fosse posto quente.
Assim, a brasa em que vou divagando.
É como o pão, é bom acabado de fazer,
Por isso hoje não me preocupo com o resultado.
Porque o pão de hoje amanha será a divagação de ontem.
Duro e frio, uma arma de arremesso.
Como palavras que atiro e me atiram.
Mas é crime brincar com a comida.
Mas a fasquia ficou tão subida.
É complicado estar á altura do que de mim esperam.
Não é complicado, desiludir o mundo e assumir a culpa.
Hábito, é o que dizem ser o truque para aguentar o mundo.
Ou seja, sou suspeito para me avaliar a mim.
Ou qualquer outra personagem onde exista.
Mas a minha teimosia é maior.
E quando esperam que desista.
Ela, insiste e faz com que resista.
De novo, faço o inesperado.
E como me tento a mim mesmo.
Hoje guardo o pão de ontem.
E não publico amanha.
Talvez nem publique.
Talvez publique num outro dia qualquer.

Tocar

As palavras que tocam nas gentes.
O ser que não toca nem se deixa tocar.
Não há intocáveis, ou talvez hajam alguns.
Mas o ser não é um deles.
É apenas, esquivo arisco e desconfiado.
Mas quando se escreve e desenha nas letras…
Toca, ou dizem que toca.
Não sei, imagino apenas quem se deixa tocar.
Imagino parecenças, imagino diferenças.
Imagino eu e imagina quem recebe o toque.
Divagando momentos e características de uma vida insólita.
Cruzo-me com semelhantes, presumo, cruzo-me com quem me vê.
E quem me vê é quem vê alem máscara, é quem vê o são.
O são á vista acompanhado de si mesmo, o louco e o artista.
O que se esconde no ponto final e regressa esquivo ao dia a dia normal.

Desafio

Observador crítico atento de redundâncias contínuas.
Subtilmente discreto passo ténue e sem ser notado.
Perdido em mim e em tudo e aparentemente distraído.
Para a descrição perfeita a aparência é camuflagem.
Nunca disperso, é ser pensativo com grande concentração.

Espécies dominantes.

São aqueles que exercem o seu poder e subjugam os restantes as suas vontades.
Mas, eis que entra em cena uma nova espécie não domina nem se deixa dominar.
Subjugar, também não consta nos seus planos, nem ser subjugado consta.
Esta espécie não ambiciona dominar o mundo nem querer o alheio.
Quer, apenas manter, a sua forma de estar e viver sem que perturbem a sua paz.
Mas essa paz perpétua já não é perpetuada porque a espécie dominante decide interagir.

A Voz que não sai

As vezes é complicado explicar o que vai dentro de mim.
Por mais voltas que dê e ginásticas que faça com o meu vocabulário, há coisas, que não são coisas, e sentimentos, que não são sentimentos, difíceis de exteriorizar.
E mesmo quando quero ter força para gritar, para que o mundo não me tome como mais um louco, não consigo.
A voz não sai.
Não fico rouco, nem gaguejo, fico mudo por fora e exaltado por dentro.
Enquanto espero pelo beijo que quero, sem ser capaz de pedi-lo.
Desespero na espera e estou, tudo menos tranquilo.
E mesmo apesar, de na cara aparentar estar calmo e nada me poder abalar, continuo mudo.
Na minha mudez ainda espero por aquele beijo que, imagino apenas, me libertaria desta incapacidade de gritar.
Anseio e semeio o medo no meu fértil interior, onde germinar é fácil e tudo o resto também é fácil, menos gritar.
E nos gritos, de todos aqueles que conseguem gritar, imagino como a minha voz poderia soar, se ao menos eu fosse capaz de gritar.
Resta-me apenas escrever e esperar eu seja capaz.
Mas enquanto esse, tão esperado, dia não chega vou tentando e sei que quando conseguir gritar o mundo inteiro vai parar para me ouvir.
E ai, quando eu for capaz, vou explicar todas essas coisas e sentimentos e pedir o meu beijo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Tempestades Melodias e Cálculos

Está tudo errado, tenho que sair.
Destas paredes, desta Muralha.
Afastar-me de tudo...
Salvar, ou tentar, é o que me baralha.
Frio da cabeça aos pés.
De pés gelados.
O vento está muito forte.
São tempestades.
Pluralmente singular.
Repetitivamente único.
Os sarilhos cantam no meu ouvido.
Como sereias...
Esta música tem uma melodia problemática.
Prós e contras e objecções favoráveis.
E no fim de contas já sei.
Da formula até ao resultado, conta errada.
Fugir do património.
Ou hospedar-me no manicómio.
São estas as escolhas e sem optação.
Falta o estudo, a vontade e a dedicação.
De calculadora em punho.
Divago enumerando.
Acabo errando e a pouco e pouco.
Vou-me esbarrando.
Vou ficando mais louco.
Mas sempre Divagando.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cruzamentos

As pessoas vão e voltam.
Todos os dias me cruzo com as noites.
E em todas as noites me cruzam.
Pessoas que nunca imaginei.
Coisas que nunca antes pensei.
E na direcção que tomo sem rumo.
Assumo um reino onde sou farsante e não rei.
Todas as farsas que vejo.
De beijo em beijo.
Cruzo-me com máscaras de génio.
E não acredito numa Palavra.
Não acredito na Palavra.
O meu génio de Alma.
A minha pessoa e toda a calma.
Tudo isso me cruza com a Musa.
E quero sair da linha.
Quero descambar, encarrilar num trilho.
Mas sei…
Sem dúvidas e se tu duvidas eu não duvido.
Vou acabar sempre, por me cruzar com o sarilho.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os Complicados

Gostar e não estar no mesmo lado.
Obras-primas, entrançadas umas nas outras.
Três cubos de gelo, um em cada pé.
Respeitador, Sério e Maldito.
O Auto-Proclamado Salvador.
Irreverente e Presunçoso, é.
Tudo isso e acredito…
Acreditamos piamente que gostamos.
Mas da Palavra até a acção.
Nesse espaço…
Metaforizo-me e multiplico-me.
Matematicamente sem fórmula, complico.
O caminho tem Safari, eu sou o Safari.
Tem tudo e não sou nada.
O caminho é vazio e por escrever.
É a Divagação na estrada a percorrer.
Divago descalço de percalço em percalço.
Calos nos pés, e gelo claro.
Cada vez mais duro.
O Pirata e o Palhaço.
Mantêm a face.
O sorriso e o laço.
Intocáveis, inabaláveis.
O complicado e os seus.
Eu e os Meus, Eus.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Musas

És salvação, és inspiração.
Musa, que inspira e usa o que suspira.
A ninfa das palavras…
Presença ausente com Espírito livre.
Contigo e por ti escrevo.
Voluntariamente preso.
Musa de cada verso.
E são os olhos,
E são as ideias,
São todas essas coisas as teias.
Teias de inspiração.
Que me amarram.
A mim, a nós.
Em cada Divagação.
Em toda a situação.
Acção, Salvação e perdão.
Conveniência versus Consciência.
És tu o ar que enche o peito do Pavão.
És tu, inflamação.
Pirata Maldito.
Miragem e Covardia.
O dia, a noite.
As Musas, que tu usas.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Relógio

Sim, só paras sem pilha.
E nem por isso o tempo abranda ou empilha
Olho-te e vejo-me nos teus ponteiros.
Vejo-me certo como tu.
Tac Tac, Tac Tac…
Eu tu e o tempo.
Já faz tanto…
Que estamos sintonizados.
E no silêncio da noite.
Enquanto te olho, na tua dança rítmica.
Tac Tac, Tac Tac…
O som do tempo a passar.
Ecoas a musica sozinho.
Como um pêndulo seguro.
Como se conhecesse o caminho.
Passado, Presente e Futuro.
No bolso, no pulso ou na torre.
Tu és a prova viva.
O registo para que viva.
A vida que corre, enquanto o Relógio diz.
Foi assim que fiz.
Ate que o Relógio morre.
Mas o tempo continua.
O Tac Tac, Tac Tac, ainda lá está, mas mudo.
E sem ser contado, o Tempo passa por mim.
Sem o Relógio o tempo passa-me ao lado.
Mas sem Tempo é o meu fim.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Compromisso e Covardia

Sim, tenho um Compromisso com a Covardia.
Pirata sem responsabilidades.
Que de cidade em cidade, em todas as cidades.
Rouba e parte corações.
Salvador sem causa, nem preocupações.
Mil e um saques, mil e um cacos.
Navego á procura por todos os mares.
Navegas perdido para te encontrares.
Navegador inconsciente, mal trata toda a gente.
O Pavão, o Pirata sem nada.
Causa perdida é origem conhecida.
Tantas tempestades, tantos copos de água.
Compromisso, Covardia e mágoa.
Nem rum, nem perna de pau.
Salvador o Pirata, Salvador o Mau.
A desilusão personificada, a pessoa complicada.
Compromissos quebrados.
Corações roubados.
Covardemente, Alma Penada.
Sim, sou o pior do mundo.
Naturalmente que o sei.
Conheço-me tão mal, conheço-me tão bem.
Crucifiquem, critiquem e julguem.
Façam o que entenderem.
Façam-no novamente, quando acharem que me sabem.
Comandante da descoragem.
O Salvador, a miragem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Corpo e Alma

Não sei se é Corpo ou Alma o que me possui.
Asperamente aprazível, é incrível.
Setenta e Um a terra do Terrível ou Seis como Rei onde fui.
Desconhecimento, sentimento luso de busca e descobrimento.
Com todos os Adamastores virados Boa Esperança.
Grande é a viagem em loucura e comprimento.
Com musica, divertimento e até a exaustão claro, a dança.
Esgotam-se os números e todos os truques de magia.
O Mago Pavão, vai pelas ruas.
Passa a Praça, bebe chá e passeia-se por travessas.
A noite é fria, mas já foi mais fria.
O corpo acompanha a Alma, que o acompanha.
Mago e Matreiro, o gelo derrete com astúcia a manha.
E nós estamos bem aqui contigo, também.
Por isso estamos aqui todos, a circular nas travessas do Património.
A criar herança para partilhar depois.
Porque sois Tu e Eu o meu Corpo e Alma.
As vezes perto e longe, outras longe e perto.
Divago daqui para onde aqueço os pés.
Divago contigo, porque sei que és…
Corpo e Alma

sábado, 31 de outubro de 2009

Água e Azeite

Solução heterogénea é a insolúvel e díspar combinação.
São os líquidos que se separam por mais que os juntem.
A temperatura aquece e arrefece e divisão, permanece.
Ebulições, justificações e até conspirações, não permitem.
Nem sempre é na nudez do olho que vejo e olho.
Mas a mistura parece não dar.
Num primeiro momento avista-se…
Algo que no segundo olhar é nítido.
As teias que prendem e puxam e empurram e libertam,
Em direcções erradas e sem consenso.
Por isso, paro, penso, mereço.
Chuva e Óleo podiam combinar.
Se fosse tudo possível de homogeneizar.
Na directa ingerência do sentido.
Água e Azeite, o composto que ainda não está diluído.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O Pavão Presunção

Valorizas-te tanto que até o nome é presunção.
Pavão de Peito Feito, Salvador sem Salvação.
Mas a verdade é que tens valor e não esperas reconhecimento.
Tal como é que és duro como o gelo e frio como o cimento.
É possível que seja ao contrário?
Possível seria, se eu estivesse enganado.
Assim está correcto tal como eu estou endiabrado.
Possuído por esta divagação, escrevia o meu dicionário.
Era no entanto, complicado que o interpretassem.
Já que, por metade das vezes nem eu a mim me entendo.
Como poderia eu permitir que na minha mente entrassem?
Como seria possível que comprassem o peixe que vendo?
Houve o que pregou aos peixes.
Aqui me eis a pregar para ti só para que não me deixes.
A ti, tu Salvador de ti mesmo, tu que danças na linha da loucura.
Eu, que por vezes pareço são.
O Pavão Vaidoso, Orgulhoso e sim… Teimoso.
Esquizofrénico e doente, sou eu, o autor desta louca dança.
É esquizofrenia consciente num encontro no parque.
Olho em redor e vejo-me em toda a parte.
Doido nas conversas comigo próprio
Esgoto-me e torno-me impróprio.
E antes que me torne insuportável aos meus padrões.
Retiro-me sem Salvações, eu, o Rei dos Pavões.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Insónia Aparatosa

O Aparato que vai nesta Insónia continuada.
Cansado no corpo e com a Alma esgotada.
O Aparato não pára e a máquina não adormece.
O corpo está fraco e sem combustível.
Está esgotado e a queimar o fusível.
Mata a Alma do Libertador que se esmorece.
A festa é na mente extasiada pelo desgaste.
O Dormir de Olhos Acordados e Acordar de Olhos Adormecidos.
O não dormir dos neurónios enfurecidos.
Enfurecido não é o termo, é acordado num longo termo.
E sem ter-mos termos metemos termo ao Aparato sem término.
Somos nós: Eu, a minha Alma, o cansaço e a Divagação.
Não sei quantos regressam, mas pelo menos uns de nós voltarão.
O ruído silencia-se e agora nada seria melhor, se também a Insónia se fosse.
Guardo, publico, desligo e fico sem combustível.
A todos até…que o próximo Aparato se faça visível.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Regressar

É voltar enraivecido e descarregar nas teclas do costume.
Não é enraivecido é apenas com alguma gana.
Regressar com letras de estrume.
A gana com que me atiro em letras que vou agredindo.
Até que a sova resulte numa divagação bacana.
Pouco convencional e com um ritmo inexplicável.
O regresso dos devaneios de um Salvador que não salva a dor.
Sem salvações e com a Alma transformada.
Alterada numa outra coisa, num nascer de outra Alma penada.
Divagações sem sentido, ou algum, para quem tem sentido.
Regressar para me retirar.
Falta a motivação com que poderia realizar.
Assim vou divagando em ritmo alentejano.
Bloqueado e com os dedos perros tento voltar.
Simplesmente não da, parece que acabou o tempo das divagações.
Sinto que me aproximo da era da realização.
O ideal seria matar a leveza das palavras que tenho oferecido.
É altura de ir aos projectos, concretizar obras primas.
Não me sai a vontade, não me sai nem Palavra nem magia.
Fogem-me os pensamentos em linhas que se partem quando puxo ideias.
Será isto que tenho diante a minha vista? Será a morte do artista?
Pode ser tudo na vista e morte duma era que já era, mas artista nunca foi.
Talvez o Salvador se tenha salvo das Divagações.
Talvez seja tempo de nascer outro ser que expresse o que o Salvador não vê.
Regressar, duma Ausência que se fixou e habituou ao vazio.
Regressar ás Divagações que estão por um fio.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Quando O Maldito Não Dorme

Os meus sonhos divagaram para longe do que me cansava.
E em sonhos vagueei pelo frio até que o mesmo me acordou.
Era uma corrente de ar que me atormentava.
Acordo para me tapar e por azar desperto para um debate.
O embate em que me encontro mergulha-me a mente em café.
Com toda a adrenalina a voar nesta mente maldita, o sono foge.
Entre silêncios, ironias e acusações vou despertando.
Entre tudo isto, surge a insónia.
Com meio sono feito e as acusações de café a efeito e meio.
O debate chega ao fim.
Mas com contas para fazer aos meios sonos e a vaguear deitado.
Salvo-me do meu stress, vou usar a receita infalível.
Divago nas teclas até o café ser batível.
Reforço o meio sono quase sem esforço.
Atesto de cansaço divagando para o sono.
É o truque secreto, certo e seguro.
É nele que aposto…
…quando o Maldito não dorme.

sábado, 22 de agosto de 2009

Nova Palavra

A Palavra é tudo aquilo que já foi dito.
A Palavra é mais que tudo isso e nisso acredito.
Mas e quando sinto algo que desconheço?
É essa Palavra que cresce dentro de mim.
A Nova Palavra, pronta a ser criada.
Pergunto-me se mereço…
Esta novidade que bate dentro de mim de forma forte.
Devo ter feito o bem, suponho, para ser digno desta sorte.
Quero baptizar a Palavra com um nome tão bonito como ela.
Mas as letras agrupam-se em milhões de Palavras e nenhuma chega.
Nem todas as Palavras quanto mais uma.
O que é certo é que há algo novo e que espera registo.
É um sentimento tão belo como a Portuguesa e ainda não foi apelidado.
Poderia correr dicionários de todas as línguas, poderia criar uma língua.
Mas não posso criar o nome que sinto.
Grandioso este puro sentir que estupidamente me faz sorrir.
Podia tentar, mas não me atrevo.
Quando a Palavra se inova, cresce e dá lugar a uma Nova.
Questiono-me se serei merecedor do que me eleva, não sei…
Mas não tenho poder para inventar uma Palavra que mereça tanta força.
A Palavra é a força do bem e mal, como já foi divagado.
Mas a Palavra não chega para um ser apaixonado.

Ausência

Sei que me ausentei das divagações por uns tempos.
Por isso quero agora no regresso deixar umas palavras…
Antes de mais, faço notar que estou nas divagações há cerca de um ano, celebrado este mês.
Quero, ainda, pedir desculpas a quem sentiu a falta das minhas palavras, mas não só, quero desculpar-me também aqueles que por alguma razão antipatizam comigo e que querem que morra, longe de preferência, porque voltei…
Depois das desculpas pedidas, lembro que, tal como podem confirmar, a minha primeira divagação foi sobre a Palavra, e para celebrar este primeiro aniversário do meu, nosso blogue sem salvação possível farei de seguida uma nova divagação sobre a Palavra e o que dela retiro hoje.
Desculpas pedidas, umas com e outras sem ironia.
O divagador, o maldito Salvador.

domingo, 5 de julho de 2009

Ferimentos Secos

Há feridas que queremos que não sanem.
Há aquelas que curamos sem querer.
Brincamos com os golpes e apreciamos a dor.
Paramos as brincadeiras porque dói demais.
Se não fizer a cura de forma acertada vai infectar.
Infecta e contagia a dor até o espelho sangrar.
Quando o espelho fica sem sangue, a dor foge.
O Salvador deixou fechar a dor e aguentou a infecção.
Divagou ferido enquanto pedia salvação.
O ferimento cicatrizou e sanou a peste.
Vagueei, deambulando doente, mas sobrevivi ao teste.
É uma marca que fica no corpo.
Desinfecta-se com Asneiras, copos cheios delas.
Divagações e ligaduras e loucuras sem curas.
A Água suja e impotável não cura as mazelas.
As Asneiras são piores com gelo.
O corpo aguenta, a marca esvanece.
A ferida seca e a dor desaparece.
Divagações lusitanas.
Chaga salgada, Portuguesa…
Vou deixar secar o ferimento, de certeza.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Coisas Inversas

O domínio que tinha é quem hoje me controla.
O controlo que possuía, a dominação que me possui.
A segurança que me marcava é a incerteza que me demarca.
Na livre perspectiva, vejo-me preso a uma vista.
Perdi o palco e o publico, deixei de ser artista.
Encontrei quem queria e perdi-me de quem achei.
Inverti o processo irreversível.
Não me governo desgovernado e o que sabia já não sei.
E caí do trono onde a mim me desinstalei.
Agora vejo a perda que não pensei ser possível.
Inverso e dominado, teclo calado o que sinto num mundo trocado.
Preso na liberdade adquirida pela atenção que não foi cedida.
Necessito do que foi necessitado e divago inversamente.
Gelo com o lume que me queima e ardo com o gelo.
Insisto, não desisto, resisto com teima.
O Salvador por salvar divaga discordante.
Vagueia descalço e num sentido arbitrário.
A lógica que via está agora ao contrário.
Os momentos são horas.
O bom é o mau.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Portuguesa

É doce, meiga e é mulher.
É o sangue lusitano do fado e do lume.
A mulher portuguesa é a tradição e beleza em dois planos.
Por dentro, não há descrição, um coração.
Por fora, é o seu longo cabelo castanho.
São os seus olhos que brilham a combinar.
O peito que se une a um total fenomenal.
Contornos ricos em adornos detalhados.
A portuguesa não precisa de rimar.
A representação do que melhor há em Portugal.
Ela é a exemplar perfeita de um coração perfeito.
É postura, segurança e classe.
Portuguesa é o melhor adjectivo para atribuir.
É a alma que faz a minha metade sorrir.
De forma desenhada, a portuguesa é arte.
É única com a sua plural singularidade.
É muito em poucas palavras, é a lusa saudade.

domingo, 21 de junho de 2009

Perspectivas Genuínas

Errei, neguei e nego até a morte.
Um erro fatal em que fiquei sem norte.
Mas não foi mentira nem foi uso.
Foi real e por vezes confuso.
Não foi perdido nem será esquecido.
Fui salvo no tempo vivido.
Se tivesse confessado não teria vivido o tempo.
E por isso nego convicto.
O veneno foi mais forte que o erro.
E na verdade não há palavras que santifiquem.
Há apenas as palavras que não menti.
As palavras verdadeiras quando falei o que sentia por ti.
Sei genuinamente que foi puro o que senti no peito e na mente.
Foi na fatalidade de um erro imperdoável, que guardei para mim.
Foi por guardar para mim que ainda vivi até ao fim.
Não esqueças porque eu não vou esquecer.
Ou esquece, se for mais importante um erro de percurso, que o caminho em si.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Janelas

Olho-me nos olhos em frente a um espelho.
Estes espelham cruzamentos de luzes sem fim.
Abro as janelas da minha Alma e vejo para dentro de mim.
Espreito e não entro, barro-me a mim mesmo por instinto.
Desconheço por completo a profundidade da visão.
Pela janela aberta há apenas algo que me desperta.
O nada de uma Alma vazia entre copos e divagações.
Perco o pudor e tento novamente.
Olho até os olhos pestanejarem e fecharem a janela a minha frente.
Mais uma vez apenas consegui espiar alguns instantes.
Mas desta vez não desisto porque vi mais do que antes.
A derradeira visão, vou partir os vidros e forçar a entrada na minha mente.
Entro e tropeço na entrada para uma queda no escuro onde flutuo.
Entre copos, asneiras e repetições vou voando por entre divagações passadas.
Até que o, inevitável, impacto me projecta novamente para fora de mim.
Saio pela janela forçada e através dos cacos concluo.
A janela estava fechada porque não sou bem-vindo ao meu interior.
É mais que certo, que o melhor é puxar o meu interior ao exterior.
Janelas de salvação de uma Alma divagante são apenas para vigiar.
Afasto-me entre estilhaços que espelham os meus movimentos de abandono.
Disciplino-me enquanto me dirijo para a saída, até ao dia que volto.

Humor

Perco o sentido ao ver os sintomas que o País nos dá a sentir.
Gostava de o manter, mas nem nos sonhos dá para ver e sorrir.
Mesmo o bem disposto uns trocos contados no bolso.
Sofre porque alguém mata a disposição com a imposição de mais um imposto.
São as desgraças de uma vida desgraçada, onde te matas a trabalhar e morres sem nada.
Nada nem para ti nem para os que ficam, no fundo até tem graça.
Por mais que prometam que passa e que a balança equilibra.
São só anedotas, que mais querem que diga? É mentira!
Não é hilariante crescer a ver o crime como única opção.
Viver uma vida com os joelhos pregados no chão.
Preso sem sentido, divago quando os olhos só captam o terror.
Enquanto uma meia dúzia sorri e vive bem e contente.
A maioria se vive mais um dia na miséria, mas nem a sorte sorri para o crente.
São os que sentem na pele a gripe duma Nação, são os vagueiam descalços no chão.
São os pés descalços que sofrem os percalços que os calçados que impõem.
Foi imposto e não sei por quem, que uns nada e outros tudo podem.
Se a vida facilitasse quando os palhaços ironizam.
Havia para todos, e não faltava aqueles que agora precisam.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Asneiras

Encontro o sarcasmo no fundo de um copo.
Até chegar ao fundo ingeri asneiras com gelo.
E esse copo que como os poços, tem um fundo.
Esse copo…
As asneiras dentro de um poço, são tantas que perco a conta.
Ao fim ao cabo andei a dançar no gelo até cair na asneira.
Depois da queda, o mar de asneiras faz com que me afogue.
Mas sem morrer afogado, já tenho o pé na base.
Não há mais aquele risco de afogamento.
Mas também já não há asneiras, afoguei-me nelas até ficar grogue.
Preso num copo onde me encontro com o meu reflexo.
Eu, o meu reflexo, o sarcasmo e a minha alma lá em cima.
Bem na borda do copo a minha alma chama por mim.
Embriagado com as asneiras e com o sarcasmo.
Hipnotizado pelo meu reflexo, gostava de poder encher o copo de asneiras novamente.
Assim era capaz de, sobre elas e sem as consumir, erguer-me e da prisão sair.
Assim libertava-me daquele copo sarcástico.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Safari

Sou selvagem e pouco recomendado.
Vivo bem presente das minhas opções.
Escolho o trilho que até me pode trazer sarilho.
Mas a minha salvação é a minha sorte.
Vou no meio do mato sem nunca perder o norte.
Uma vez afirmaram uma igualdade inexistente.
Uma vez disseram mais do que deviam.
Eu sou o trilho que dança entre o abismo e a selva.
Sou o caminho acidentado em que a minha alma se eleva.
Acendo um destino arriscado.
De tiro em tiro que tiro, saboreio.
Podem dizer que é safari, para mim é recreio.
Sou a fauna e sou liberdade.
Sou a alma ao horizonte.
A vida vive-me feliz no seu curso.
Não tenho medo do caminho.
E pela terra que derrapa, só paro no cimo do monte.
Uma divagação sem carta nem estrada.
Pelo mato vivo conduzindo.
Sei que um dia a salvação estará a minha espera.
O arrependimento, não conheço.
E que eu fosse alcatrão, quem te dera.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ponderar

Eu pondero, tu ponderas, nós ponderamos e já todos ponderam.
Pondero em conversas sobre sugestões e televisão em movimento.
Pondero divagações e o que sou no momento.
O que sou no momento é porque já o fui e porque sempre o serei.
Há ponderações sobre nós mesmos, outras sobre os outros.
Sobre o que nos motiva, o que nos trava e sobre tudo o resto que não da para descrever.
Talvez dê, talvez seja a falta de inspiração, mas eu pondero porque quero divagar.
E por isso não vou parar e escrevo com atenção ao que me rodeia e alheio a mim mesmo.
Mas escrevo para mim e para todos e por mim e por todos.
Escrevo porque posso ponderar a vontade.
Divago num casamento entre quem sou, quem devia e quem queria ser.
Gostava de ser um génio, gostava de me compreender, mas como dizem em ponderações a complexidade poderá ser um dos meus travões.
Ponderar é supor e errar.
É tentar sem medo de falhar.
É talvez, acertar.
Não sei, imagino e divago, falo sem certeza, lá estou eu, suponho, a ponderar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Escritor

O escritor, é um sujeito que escreve.
O escritor escreve histórias inimagináveis.
Coisas da cabeça de quem escreve.
Aquele que escreve o que vê.
Ou aquilo que sonha, ou aquilo que gostava de não ver.
O escritor fantasia palavras mágicas com cartolas silábicas.
Entre as vírgulas e as suas metaforizações, um escritor verbaliza divagações.
O escritor é livre quando escreve.
Um escritor, não é um artista, é sim, um escravo das palavras.
Um escravo livre nas transfigurações que torna reais sempre que versa.
Escritor, não é quem domina as palavras, é aquele que por elas é dominado.
Escritor, não precisa de reconhecimento, precisa de escrever.
O escritor, vive entre a nascença e a morte com sorte, se puder escrever.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Palavra Lusa

A saudade que só eu tenho.
A saudade que só Portugal sente.
Se disser que não tenho, a minha boca mente.
Se disser a palavra lusa…
Se eu disser, a palavra usa…
Usa o poder que lhe foi dado.
Poder que estava escrito no fado.
A palavra que fez chover.
É o luso sentimento de falta
A falta lusa que me faz escrever.
Aponto todas as faltas.
Mas nem te conto o que me faltas.
Lusa saudade, tu faltas-me sem conta.
A palavra é única e conta, o sentimento.
Fadista sem Fado, ser artista vadio, o vaiado.
Saudoso dos tempos em que o manifesto tinha valor.
Sem valor, sinto o valor da palavra.
E sentado vejo a chuva de mar.
O poder da palavra numa palavra sem tradução.
É o poder retirado ao destino, sem palavras nem divagação.
Faltas em expressão única e lusa.
Faltas e a saudade é a palavra que te acusa.

Revolução Silenciosa

O silêncio está tão tenso que se ouve no ar.
A revolução vai agora nascer.
É o sentir de um coração a pular.
Ansioso e expectante com o que vai acontecer.

A revolução rebenta muda.
Nada muda, nem tão pouco o silêncio.
Falas, mas alguém te interrompe “caluda!”

Tudo a espera da ordem que traga o progresso.
Uns gritam “Vitória” mas o silêncio está de regresso.
Revoltas-te no silêncio e gritas mudo.
Façam o que fizerem eu silencio e não mudo.

No silêncio vou (re)evoluindo.
E mesmo quando complica não paro e sigo sorrindo.
Até que estoira, e o barulho é real.
É tanto que parece um feriado nacional.
O silêncio fez a sua revolução.
(Re)evoluiu e cresceu para barulho.
Agora falas e ninguém te cala.
Essa é a verdadeira expressão de revolução.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Especulações

Ao ver um fragmento e idealiza-lo completo.
Procuro ter o raciocino correcto.
Encontrei a peça de um puzzle e imaginei como seria.
Visualizei uma bela imagem, era mesmo isto que queria.
Continuei a fita-la e vi que carregava um amuleto.
Não sabia porquê, nem para o que realmente serviria.
Perdi um dia a pensar, totalmente a toa, a tentar adivinhar.
Especulei e considerei sem fim.
As hipóteses eram tantas, e todas nasciam em mim.
Mas então divaguei com sentido.
Perdi tempo e andei no tempo perdido, mas no fim não foi tempo perdido.
Conclui só com base numa peça.
Tudo o que especulei foi por mim condicionado.
Não haviam certezas, e a verdade era essa.
Tentei adivinhar, mas acertei ao lado.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Desconcentração

Quero divagar, mas divago mais do que quero.
O nexo ausentou-se, mas há-de regressar e eu espero.
Aguardo, pacientemente, pelo nexo e por um abrandar de ideias.
Sento-me a olhar o vazio e já crio teias.
As aranhas andam a minha volta e tecem uma prisão.
Mas a mente não prende e voa livremente.
Solta e totalmente desconcentrada, ela voa em direcção a nada.
Dá voltas ao mundo e volta ao vazio do olhar.
Aterro no ninho, e o silêncio faz-me ouvir o ar.
E a aragem corre enquanto assobia baixinho, uma corrente de ar assobiada.
A mente continua o seu voo migratório e sem sentido.
A divagação volta ao ritmo desejado.
E como se fosse músico divago de ouvido.
Preciso, certeiro e exacto, toco a musica que vai salvando a concentração.
Hoje é daqueles dias que gostava de estar inspirado.
Podia voar com sentido e parar sem ouvir o vento.
Se não fosse o estar desconcentrado…
As teias não me prendem, mas pelo menos foram tecidas.
Não divago, mas registo as tentativas para não serem esquecidas.
Pelo menos tento.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Eborense

Sou a encruzilhada de ruas que me levam ao meu centro.
Sou Património Mundial.
Sou o Templo e a Sé.
Sou a calçada que piso.
Sou a história e a glória.
Sou o Alentejo em pleno.
Sou os jardins e as fontes.
Sou a cultura.
Sou as muralhas, o céu e o Sol.
Sou a simplicidade dos costumes.
Sou e sempre serei o abrigo dos meus.
Sou a Praça e os Largos.
Sou muito mais…
Évora é onde sou.

sábado, 9 de maio de 2009

Caminhos

Um ser que nasceu não sabe o caminho que tem pela frente.
Não sabe o ser, não sei eu, não sabe toda a gente.
Mas a estrada é longa e insegura e os atalhos insertos e perigosos.
Por isso mantém-te na estrada que por si só já é uma aventura.
Não ligues aos atalhos que te tentam e te chamam para a loucura.
Se entrares já não sais, se caíres já não te levantas.
Ficas preso e já não te valem deuses nem santos nem santas.
Eu caminho da nascença até ao fim, sem perder a fé na minha crença.
A minha religião, é crer em mim e caminhar de cabeça erguida.
Nunca parar e evitar os becos sem saída.
Por isso á partida sei que vou caminhar a vida toda e quando parar parei de viver.
Tenho a certeza absoluta que é assim que vai ser.
Faz parte, o caminho é uma tela e caminhar é uma arte.
Artisticamente vou caminhando e divagando enquanto teclo.
Mas de vez em quando, sem parar, abrando e peco.
Derrapo e faço uma marca no caminho para assinar a estrada com a minha presença.
Para que quem vier depois saiba que lá passei.
Lá caminhei, vivi e pintei.
Ainda não fiz o caminho todo, fiz um pouco.
Creio, que ainda tenho tela, para poder continuar a, artisticamente, ser louco.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Surreal

Cigarro após cigarro a nuvem de nicotina ganha forma.
Uma forma extraordinária apreciada por um par de olhos tão precisos como previsões meteorológicas.
A nuvem tem uma forma surreal e quase derretida, pelo menos, parece estar a desintegrar-se a par com a objectividade de outrora.
Viagens imaginarias levam as mentes a voar pelo mundo fora aos olhos de quem vê e processa a informação de forma profunda.
Altos e baixos, todos tem altos e baixos.
Há alturas em que parece fluir.
Há alturas em que estagna na primeira imagem composta por duas ou três letras.
E há alturas, que não são alturas, são épocas.
Aquilo a que muita gente chama de épocas de ouro ou épocas para esquecer.
São as chamadas fases.
Fases em que as letras se juntam e formam palavras, que por sua vez formam frases e que culminam em textos geniais, ou em textos sem textura.
Pessoas lêem e interpretam, logo é possível andar a volta das letras e das suas formações sem grande magia.
Porque a magia acontece dentro de quem lê e se deixa tocar pelas próprias conclusões.
A magia é juntar ideias, visões e torna-las aceitáveis para quem olha e julga.
A magia é não ter ideias, nem visões e juntar nada para quem olha e julga conseguindo providenciar ideias visões e bons julgamentos.
A magia é tirar um coelho da cartola e fazer com que este desapareça na nuvem de fumo.
Surreal ver o coelho sair da cartola e assumir a forma da nuvem.
É um grupo de letras ordenadas ao critério do criador ganhar forma para se desintegrar por completo num olhar que julga e não aprova nem a visão nem a ideia.
Cigarro apôs cigarro, palavra atrás de palavra, julgamento atrás de julgamento.
Com ou sem magia, visões de um Salvador.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Hábitos antigos

Panóplia dos costumes imortais.
Já tentei mudar, já tentei ser boa pessoa e dar atenção, carinho e amor.
Parece que não dá.
A tradição pela qual me movo é um velho e enferrujado caminho-de-ferro onde circulo e vou circulando há já muito tempo.
Não sou recomendável a ninguém, por isso não queiram aproximar-se do impossível.
“…por alguma razão o fiz mas sei que em mim reside a força de lutar…”
Luto e vou continuar a lutar para não alterar a minha essência.
O meu espaço é sagrado, seja ele virtual ou o meu real metro quadrado.
Na minha bolha íntima a entrada é vedada a todos os que não sejam um dos meus eus.
E quando os hábitos parecem mudar, não mudaram, foi a vida que mudou um bocado e tudo o resto pareceu e, ou pereceu.
Familiarizado com a minha loucura sou um dos meus melhores amigos e o meu pior inimigo.
A minha esquizofrenia permite-nos chegar as várias conclusões a que já cheguei anos antes.
Porque estes hábitos não morrem e eu já sabia a ideia a que ia chegar, porque as repetições nos levam a viajar mentalmente pelo passado, futuro e presente num piscar de olhos.
A próxima conclusão a que chegar já lá cheguei, a próxima coisa que descobrir já descobri.
Um passo a frente de mim mesmo, vivo como me habituei.
Casmurro, teimoso, obstinado inflexível e caprichoso aos meus costumes e na minha dinâmica rotineira, posso ganhar e posso perder, mas já vem do antigamente este hábito e com ele e na minha loucura, aprendi a ser feliz, a minha maneira.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Fusões

Luz incandescente, essa que me cega, momentaneamente.
Fixo, conto ate três e fico cego, novamente.
Na minha cegueira encontro uma nova mente que brilha mais que a luz.
Essa mente tem os olhos semicerrados e vê os raios luminosos dispersarem do núcleo incandescente.
Atrás dessa luz há algo, uma forma metálica, que acusa as suas formas nos reflexos luminosos da tal luz.
As suas formas são simples, brutas e belas.
A luz que me cega faz-se acompanhar de um ferro torneado de forma grotesca, mas bonita.
Continuo encandeado porque o jogo de luzes e reflexos apoderou-se de mim, e os olhos que estavam semicerrados estão agora semiabertos e os reflexos luminosos espelham por toda a divisão.
Os olhos estão iguais, só a perspectiva mudou.
A luz brilhante está presa ao ferro trabalhado, que está apontado ao animal que se esconde e foge da luz que queima a cada reflexo cegante que vai ferindo os olhos.
Como quem não vê eu vou tacteando a procura de explicações, mas encontro um candeeiro aceso no qual vagabundeei ate aqui.
Cego, pela Luz, hipnotizado pelos reflexos das luz no ferro, encontrei um animal.
Um rato, que andava as voltas na toca, ás cegas e inconsciente do que o rodeava.
O Rato era na verdade uma pessoa, a Luz era o Sol e o Ferro era a sua força.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Fadista

Músico do destino, alma e paixão.
Numa complexa e bela melodia única e nacional, canta as letras da saudade, do amor, da desgraça e do criticismo social.
E volto a um texto que comecei na ressaca da visita ao berço do fado.
Volto, apenas para dizer que agora, algum tempo depois, talvez consiga dizer qualquer coisa sobre o Fadista.
O Fadista é como todos os portugueses.
É alguém que anda no meio de nós, como todos nós andamos no meio uns dos outros a fazer a nossa vida regularmente.
Talvez na esperança de um milagre que mude a rotina.
Talvez só a viver.
Mas a verdade é que nem fados nem fadistas descrevem melhor o que é ser português do que o próprio facto de ser português.
Nem é necessário ser português, basta sentir-se como tal.
Afinar a voz, desafinar ao coração e gritar a mais portuguesa de todas as palavras.
Saudade! Coisa tão nossa, tão nacional.
Tenho orgulho, em Portugal e em ser português, mas não sou, nem serei nunca extremista.
Mas o fado, o fadista e as guitarras que choram são movidos pela paixão, e cantam o destino.
O Fadista e a sua voz de bagaço, de anjo ou de demónio.
Seja qual for a sua forma de cantar ou gritar, o homem ou mulher que canta o destino tem de nome fadista e por muito que ande a volta do tema a verdade é que expressa apenas o que tem dentro de si.
O fadista, o escritor, o canalizador, o pintor, todos gritam o que sentem.
Não parem de gritar!

Eu e a minha Alma

Eu e uma parte de mim que não conheço, mas que sem duvida é a minha melhor parte.
Não que o resto de mim é mau. Não é, suponho.
A questão é, eu e o meu verdadeiro ser.
Eu e eu.
E depois de introduzir o devaneio de hoje, explico.
Hoje é uma daquelas noites, noites vivas.
Porque os dedos estão vivos e vão agredindo as teclas sem remorso.
Aceleram, travam, passam traços contínuos e cometem todo o tipo de infracções na lógica da escrita.
E nesta criminalidade poética. E sorrio para mim, ao usar a expressão poética.
De poesia estou seco, perdão, sou.
E continuo a infringir a lógica e fujo da autoridade gramatical.
Quase tenho vontade de comentar o acordo ortográfico…
Mas não comento e continuo, eu, a minha alma e os meus disparates.
Hoje é casa cheia na minha cabeça, é uma festa e eu estou por todo o lado.
Sou o anfitrião, o convidado, o empregado, sou todos os presentes e ainda consigo ser metade dos ausentes.
Ou seja, entre agressões as teclas e infracções á lógica da escrita, sou um fugitivo na noite viva.
Eu e a minha alma, eu e o Salvador, ou… eu o Salvador, a minha alma possuída por uma vontade de escrever e alcançar toda e qualquer alma que, tenha a santa paciência, para ler esta divagação ate ao fim.
Paro um momento e apanho a ponta do fio que traz o meu raciocínio e tento agarrar a lógica para a mal tratar.
Em nome da alma, e dos seus espelhos.
Os meus dois espelhos, estrategicamente posicionados na cara, falam por mim.
Mas nesta forma de expressão eles nada podem senão espelhar o que escrevo.
E antes que me apanhem a vaguear de tecla em tecla, recolho-me e rendo-me as evidencias.
Nem eu, nem a minha melhor parte, a alma, para quem se esqueceu da introdução, estamos a altura da festa que a minha cabeça abriga.
Eu, a minha alma, o Salvador, a festa e a minha cabeça desejamos, ou desejo ser perdoado pelos meus poéticos crimes, gargalhada…
Sem salvação.

sábado, 11 de abril de 2009

Peter Pan

Palavras aleatorias usadas para contar historias e contos incriveis.
Fabulas Reis e herois invenciveis.
É maravilhoso ser criança ler sonhar e sentir-se poderoso.
Acreditar na bondade inocentemente alheio ao mal que apenas existe nos livros e que na ultima pagina o bem prevalece e todos vivem felizes para sempre.
E parece triste crescer, perder a fé e vender a alma.
É triste, na realidade tudo isso é triste.
Deixar de acreditar no Pai Natal, no Coelho da pascoa e na Fada Dentinho.
Ser viciado numa sociedade suja e corrompida pela ambição.
Olhar para tras e lembrar os tempos em que se brincava sem pensar o que te pedem para pensar.
Usar a imaginação, correr e voar e fazer barulhos de carros e motas.
E quanto mais cresces mais preso ficas ao padrão.
Para que crescer?Não cresças, mantem-te Peter Pan

Palavreados, tretas e frases sem significado.

Feb 27 5:51 AM

Quantas vezes nos encontramos perdidos em ideias fantásticas que nos mergulham no fabuloso e elevam ao fantástico.

Vezes sem conta ideias sem trela fogem numa mente que não prende nem liberta, mas que deixa as ideias viajarem, ideias com asas que voam ate ao sol e voltam cegas de tanta luz os bloquear no regresso ao chão escuro.

Uma espécie de alegoria na caverna, mas ao ar livre e em diferentes altitudes.

Gostava de entender a necessidade de ter um tema, porque não podemos falar escrever e agir sem sentido, no nosso sentido?

São as tretas protocolares e cívicas a que estamos presos quando na realidade não passamos de animais básicos e semi-domesticados.

Quer dizer, aptos para agir em sociedade em estilo de rebanho, na igualdade a procurar ser diferente e a procurar da mesma forma que toda a gente o faz.

Simples nos instintos que nos movem nas necessidades mais básicas da nossa humanidade.

A raiva, o calor, o frio, a calma, a indiferença, o ciúme a alegria e a desconfiança…

As atitudes que condicionam a nossa acção são no fundo o que de mais puro temos já que tudo o resto nos é ensinado, a única coisa que sabemos a nascença é ser humanos, depois somos ensinados a fazer parte do padrão, da maioria ou mesmo da minoria, mas mesmo assim somos rotulados.

Postos numa gaveta e ai com os nossos iguais ou semelhantes pastamos uma vida inteira.

O que me proíbe de escrever toda a merda que tenho agora na cabeça? Ninguém, porque me posso exprimir livremente, desde que não interfira com a liberdade do próximo.

Posso então perder o meu tempo livremente a teclar merdas sem sentido, e com alguma sorte ainda me chamam génio, ou louco, ou não me chamam nada e identificam o fantástico que também conhecem quando voam e quando mergulham.

É o maravilhoso, um mundo de sonhos, e porque não viver um sonho? Porque não sonhar uma vida? Para que acordar? Podemos andar em piloto automático no trabalho e na rotina e rotineiramente sair da merda do dia a dia e sonhar, e todos os dias dormir satisfeito com o acordar para a porcaria, para poder fazer tudo igual e voltar a sonhar no fim do dia?

Porque não fazer ao contrario, viver o sonho todos os dias e ter a merda para dormir e ter pesadelos e insónias?

Porque fazer alguma coisa? Não poderíamos todos poder perder tempo a escrever coisas estúpidas só porque é melhor escrever do que mantê-las na ideia? É claro que falta coerência a este discurso que não é mais do que conversa da treta, mas isto são palavras sem sentido em guerra com o nexo.

Mas em paz com a vida, paz perpetua com o sonho.

Palmas ao acaso, uma salva ao destino, um silêncio ao monólogo do louco.

Shiu, uns momentos de silêncio em honra do louco, encontrem-se no louco que viaja.

O maldito das teclas.

domingo, 15 de março de 2009

Da para imaginar???

Imagina, mente.
Imagina que somos amigos.
Imagina que és de confiaça, faz de conta que posso confiar em ti.
Imagina que eu faço de conta acreditar.
Imaginas bem.
Mentes sem imaginação e imaginas que a mentira perdura como verdade, mas que imaginação.
Hipocrisia, a velha historia que já foi contada e ainda faz azia.
Ver que numa confiança o limite é passado e ha uma gota de água que faz o copo transbordar.
Posso culpar essa gota, ou todas as outras, mas imagina, mente, culpa quem tu quiseres porque eu sei quem tem a culpa.
Quem faltou e falhou, faz de conta que imaginas o que se passa.
Não imaginas e estas a nora.
O respeito, a consideração e outras coisas tipicas de um semi-irmão, desapareceram e entraram em extinção, realmente extinta com uma festa que te acaricia e faz abrir a boca para as historias proibidas.
Imagina que não sabes de que falo, imagina que lês, tens razão e eu me calo.
Imagina o galo, mas mente so mais uma imaginação em que contes uma historia proibida e desta vez atenção não sejas mais um judas que so fazes merda quando pensas que te ajudas.
Desvalorizas-te com as faltas como um carro com os quilometros.
Imagina, mente, mente com imaginação, mas eu sou indiferente a tua versão.

Repetições

Dormitar por uns instantes, e pensar em coisas que já pensei antes.
É deja vu? O que é? É sem explicação.
Daquelas coisas que necessitam ser inexplicaveis.
A, inutil, ou curiosa, sensação de que já tive esta conversa.
Já tive aquela discussão, e numa duvida cheia de certezas, não toco no assunto.
Talvez por já saber como acaba a conversa, talvez por qualquer outro motivo.
Mas os temas vão e voltam como se estivesse sentado na praia a ver o mar a tirar e a devolver a agua salgada aos meus pés.
Deve ser pela semelhança entre o mar e a vida.
Esta semelhança é-me nova, nunca me ocorreu.
Acontecimentos que se repetem, outros que nem por isso e outros que nem isso.
Não acontecem.
Uma dança a volta de frases feitas, do genero da repetição da historia.
É possivel, há tanta coisa que n chega a ser historia por falta de enredo que insiste em se repetir, não é impossivel que a propria historia o faça.
Tudo em consequencia de uma sesta, um relaxamento.
Um adormecer que não é publicado, não é apropriado nem sequer é mencionado.
Um sonho depois de almoço que acaba para que se lanche e que é estranho por surgir tão inesperadademente como surgem as repetições que vão e que vêm.
Num ponto em que vagueio, e desta vez nem tenho os pés frios, estou gelado por completo, porque vagueio num vento real e me sento num parque ao lado da muralha e tenho conversas de almofada enquanto fumo desabafos.
Volto a casa onde não hesito e deito a cabeça na almofada e ponho o ponto final nesta repetição.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Nada

Tudo vale, num vale tudo, que não vale nada.
Surpresas e desilusões são o pão de cada dia.
Gostava de acordar um dia e acreditar que faço parte de uma sociedade justa e homogénea.
Mas a verdade é que o salvador está de partida e não sabe para onde vai.
Esta poderá ser a ultima divagação de um incorrigível Salvador sem salvação.
De momento não pretendo divagar, tenho agora vontade de objectivar e aplicar as palavras de outra forma.
O meu ser não morre aqui, talvez seja este o momento do renascimento onde do interior de um Salvador se ergue e nasce outra pessoa.
Alguém mais real que o virtual anterior.
Pretendo de agora em diante exercer uma nova escrita, algo que nunca fiz antes.
Ate um inesperado regresso do salvador, ou ate outro dia qualquer.
E sem ter o que dizer despeço-me com um grande, nada.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A Ferro e Fogo

Louco e possuído, corro, salto e pulo.
Faço tudo enquanto escrevo as minhas chamas.
Fogo é chama que arde e queima, mas a mim não me aquece nem me arrefece.
Encontro-me com um sistema imunitário invejável, sou intocável por todas essas forças que ninguém vê e que insistem em fazer estragos.
Mas a mim não me estraga, nem se aproxima.
Serei pior que as forças?
Serei melhor?
Ou igual?
Sinceramente não me interessa, enquanto conseguir agir fora da esfera dessas acções reprovadas por mim.
Importante é ser forte como o ferro e quente como o fogo.
Evitar a agua é fundamental, para o meu ferro não enferrujar e não apagar a minha chama que chama por mim sempre que uma visão me salta a vista.
E me perco de vista de mim mesmo, fico perdido em divagações absurdas e viagens longínquas e cheias de aventuras.
Ate voltar a mim ao ferro e ao fogo.
E nessa combinação poderosa volto ao discurso da moral e das forças que vou repelindo com o meu magnetismo.
Durante o período que me mantiver alheio a força que desprezo continuarei a ser um Divagador puro como o metal e calor do ferro e do fogo.

Miserável

O miserável treme, não tem força nem fome.
Tem a febre que consome a pouca energia que resta.
E escorre o suor pela testa e por todo o corpo.
Não é pelo desporto nem pelo calor, tem frio e está por um fio.
Nas fraquezas, vacila e oscila mas não cai.
Debilmente enfraquecido emagrece mas não se dá por vencido.
Resiste e insiste porque estar miserável não é bom nem é hábito nem cria habituação.
Não dorme, sofre e dói tudo como nada doeu antes.
Transpirações, loucas, que pelam os lábios e fazem os quilos desaparecer.
Insanidade que chega com a agua salgada que gela o corpo doente.
Dizem que é febre.
Dizem que é siso.
Digam o que quiserem, já passou.
Mas ate passar a roupa pesava de molhada enquanto nada ficava no organismo nem nada era aceite.
Cuidados intensivos e suores destrutivos, que matam, mas não mataram e foi por pouco, por um triz, bateu em cheio mas não derrubou.
O Salvador esteve sem salvação mas aguentou e agora voltou.
De regresso, chega as percentagens absurdas das divagações mais forte que nunca.
O miserável não é miserável, estava miseravelmente doente e agora está bom.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Disciplina

É inacreditável como uma cabeça sai do lugar sem dificuldade.
Deveria estar concentrado em ler, porque tenho que o fazer.
No entanto estou a escrever, a queimar tempo, quando a minha obrigação é, pelo menos nesta altura, queimar a pestana nos livros.
E não consigo, consigo apenas distrair-me com a televisão, com a Internet, com uma mosca ou com os barulhos da rua.
E faço tudo menos o que é suposto fazer.
É provável que venha a pagar por estas atitudes irreflectidas.
Mas ainda assim, tenho fé, sem ser crente em muita coisa, alem da sorte, de que vou conseguir.
E espero realmente conseguir, caso contrario este será a minha pior divagação de sempre.
E nem falo da qualidade, porque sou suspeito para avaliar as minhas palavras.
Digo pior pelas consequências deste tempo perdido com todas as distracções possíveis e impossíveis.
Mas, na verdade, o tempo nem é muito, porque hoje, não sei se por não me poder distrair, ou não dever, corrijo.
Hoje divago a alta velocidade, contra relógio, mas como quero chegar ao fim não me vou prolongar muito mais.
Vou, tentar, ter a disciplina para conseguir acabar esta divagação sem comprometer as minhas obrigações.
Disciplina, ou falta dela, é por isso que ainda aqui estou.
Mas não por muito tempo vou voltar aos livros, só depois voltarei.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Dias e Anos de Vida

Muda o ano, cresce mais um cabelo branco e uma ruga.
Mantêm-se os votos de anos anteriores, será que é desta que tenho a força de vontade?
A força e a vontade para que as linhas onde vai ser escrito este novo ano não me preguem nenhuma partida.
Todos os anos são iguais, ou têm sido, promessas e esperanças, brilhos e luzes ao fundo do túnel.
Mas o túnel é grande, como a vida.
Aquele brilho e aquela luz parecem sempre mais fortes nestes dias verdes de esperança.
O ano vai passando e há dias nublados, há dias encarnados e dias azuis, sem esquecer os esperançosos.
Os dias nublados servem só para valorizar os azuis.
Naqueles dias encarnados, e eu nem gosto de encarnado, dias quentes em que o sangue ferve e na ebulição fogem pensamentos conscientes de que o fogo pode e vai queimar, se brincarem com ele.
São esses dias os dias antes dos verdes.
Há a esperança depois do dia encarnado, esperança de que o jogo do fogo não queime, ou pelo menos, que não queime muito, mas mais que tudo, que não deixe marca.
Todos estes dias, todos estes anos.
A esperança, a força e a vontade, apenas estas podem manter os votos para o caminho.
Mais um cabelo branco ou todos os cabelos brancos e rugas de uma cara amarrotada que quer conduzir um ano seguro.
Um dia de cada vez, um ano de cada vez e uma vida, uma vez.