domingo, 29 de novembro de 2009

Escrita

Dizem que facilita.
Dizem que complica.
Eu digo que me irrita.
Quando não passa disso.
E respira fundo, hesita.
A atitude e acção.
São palavras de ordem e anarquia.
Ao Pavão, Pirata, O da Divagação.
Sou de gestos muitas vezes indigestos.
Mas a azia que provoco metaforizando.
É o fogo que acendo maltratando.
As teclas onde te falo.
As mesmas em que me calo.
Escrevo o fogo sem comparação.
Apago-me em Chamas de Incompreensão.
Faço Mil e Uma Palavras.
Em todas elas não chega, nunca.
Nem perto do alvo.
Atiro na Escrita com a mira torta.
Renego e vou divagando, não me interessa.
Faço aqui de conta, que não me importa.

sábado, 28 de novembro de 2009

Quando Tudo é Surpresa

Coisas inesperadas
Conhecer no acaso pessoas,
Que a prazo se mostram parecidas.
Egos em baixo, e curativos para feridas.
É sem querer que se sucede a implacável,
Inesperada e inegável,
Cumplicidade de quem conhece sem saber.
Proximidades distantes,
Nada importa, já nem quero saber.
O certo pareceu errado.
Apoiei e teria apoiado,
O indomável Pavão, o Endiabrado.
Hoje vi sem ver e conheci um conhecer.
Foi inesperado o que vi aparecer.
De contradições a surpresas.
Aos predadores e as presas.
Tudo ao contrario.
Sem definição nem dicionário.
As coisas inesperadas, não passam de coincidências.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Todos os Dias

Não é todos os Dias que se perde,
Uma pessoa como Eu.
Nem todos os Dias que se ganha,
Uma pessoa como Eu.
Isto é presunção oferecida.
É o excerto de um dia de uma vida.
Mas Eu até posso aqui estar todos os Dias.
É bem possível.
Mas também é certo.
Que não estarei todos os Dias.
A querer estar tão perto.
Como hoje quero.

Antepassada

Hoje sonhei contigo como se estivesses aqui
Porque sei que estás aqui, sempre estarás.
Sonhei que estava contigo e nunca tinhas partido.
Discutia-mos a tua bondade e pureza de ser.
Não foi estranho, foi normal.
Foi como se nunca tivesses morrido.
Foi natural apreciar a tua companhia.
Por um sonho, começo bem o dia.
Hoje vou ter-te em mente mais do que normal.
Tenho a certeza que vens ao meu lado para onde for.
Foi tão normal ter-te comigo que nem valorizei.
Foi tão bom e simples, que foi só quando acordei.
Nessa altura que abro os olhos e sei que estive a sonhar.
Foi tão igual, que desta vez também não me despedi.
Hoje, divago Eu a minha Alma e todos os do costume.
Avó, hoje Tu estás entre os loucos do teu neto.

Pão de Ontem

Hoje apenas anseio poder.
Poder publicar, não para ser visto.
Poder só porque sim.
E se posso, simplesmente faço.
Ou seja, o que eu hoje escrever.
Seja bom ou mau.
Não será nunca publicado no ponto.
Porque no ponto, seria apenas.
E simplesmente apenas, se fosse posto quente.
Assim, a brasa em que vou divagando.
É como o pão, é bom acabado de fazer,
Por isso hoje não me preocupo com o resultado.
Porque o pão de hoje amanha será a divagação de ontem.
Duro e frio, uma arma de arremesso.
Como palavras que atiro e me atiram.
Mas é crime brincar com a comida.
Mas a fasquia ficou tão subida.
É complicado estar á altura do que de mim esperam.
Não é complicado, desiludir o mundo e assumir a culpa.
Hábito, é o que dizem ser o truque para aguentar o mundo.
Ou seja, sou suspeito para me avaliar a mim.
Ou qualquer outra personagem onde exista.
Mas a minha teimosia é maior.
E quando esperam que desista.
Ela, insiste e faz com que resista.
De novo, faço o inesperado.
E como me tento a mim mesmo.
Hoje guardo o pão de ontem.
E não publico amanha.
Talvez nem publique.
Talvez publique num outro dia qualquer.

Tocar

As palavras que tocam nas gentes.
O ser que não toca nem se deixa tocar.
Não há intocáveis, ou talvez hajam alguns.
Mas o ser não é um deles.
É apenas, esquivo arisco e desconfiado.
Mas quando se escreve e desenha nas letras…
Toca, ou dizem que toca.
Não sei, imagino apenas quem se deixa tocar.
Imagino parecenças, imagino diferenças.
Imagino eu e imagina quem recebe o toque.
Divagando momentos e características de uma vida insólita.
Cruzo-me com semelhantes, presumo, cruzo-me com quem me vê.
E quem me vê é quem vê alem máscara, é quem vê o são.
O são á vista acompanhado de si mesmo, o louco e o artista.
O que se esconde no ponto final e regressa esquivo ao dia a dia normal.

Desafio

Observador crítico atento de redundâncias contínuas.
Subtilmente discreto passo ténue e sem ser notado.
Perdido em mim e em tudo e aparentemente distraído.
Para a descrição perfeita a aparência é camuflagem.
Nunca disperso, é ser pensativo com grande concentração.

Espécies dominantes.

São aqueles que exercem o seu poder e subjugam os restantes as suas vontades.
Mas, eis que entra em cena uma nova espécie não domina nem se deixa dominar.
Subjugar, também não consta nos seus planos, nem ser subjugado consta.
Esta espécie não ambiciona dominar o mundo nem querer o alheio.
Quer, apenas manter, a sua forma de estar e viver sem que perturbem a sua paz.
Mas essa paz perpétua já não é perpetuada porque a espécie dominante decide interagir.

A Voz que não sai

As vezes é complicado explicar o que vai dentro de mim.
Por mais voltas que dê e ginásticas que faça com o meu vocabulário, há coisas, que não são coisas, e sentimentos, que não são sentimentos, difíceis de exteriorizar.
E mesmo quando quero ter força para gritar, para que o mundo não me tome como mais um louco, não consigo.
A voz não sai.
Não fico rouco, nem gaguejo, fico mudo por fora e exaltado por dentro.
Enquanto espero pelo beijo que quero, sem ser capaz de pedi-lo.
Desespero na espera e estou, tudo menos tranquilo.
E mesmo apesar, de na cara aparentar estar calmo e nada me poder abalar, continuo mudo.
Na minha mudez ainda espero por aquele beijo que, imagino apenas, me libertaria desta incapacidade de gritar.
Anseio e semeio o medo no meu fértil interior, onde germinar é fácil e tudo o resto também é fácil, menos gritar.
E nos gritos, de todos aqueles que conseguem gritar, imagino como a minha voz poderia soar, se ao menos eu fosse capaz de gritar.
Resta-me apenas escrever e esperar eu seja capaz.
Mas enquanto esse, tão esperado, dia não chega vou tentando e sei que quando conseguir gritar o mundo inteiro vai parar para me ouvir.
E ai, quando eu for capaz, vou explicar todas essas coisas e sentimentos e pedir o meu beijo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Tempestades Melodias e Cálculos

Está tudo errado, tenho que sair.
Destas paredes, desta Muralha.
Afastar-me de tudo...
Salvar, ou tentar, é o que me baralha.
Frio da cabeça aos pés.
De pés gelados.
O vento está muito forte.
São tempestades.
Pluralmente singular.
Repetitivamente único.
Os sarilhos cantam no meu ouvido.
Como sereias...
Esta música tem uma melodia problemática.
Prós e contras e objecções favoráveis.
E no fim de contas já sei.
Da formula até ao resultado, conta errada.
Fugir do património.
Ou hospedar-me no manicómio.
São estas as escolhas e sem optação.
Falta o estudo, a vontade e a dedicação.
De calculadora em punho.
Divago enumerando.
Acabo errando e a pouco e pouco.
Vou-me esbarrando.
Vou ficando mais louco.
Mas sempre Divagando.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cruzamentos

As pessoas vão e voltam.
Todos os dias me cruzo com as noites.
E em todas as noites me cruzam.
Pessoas que nunca imaginei.
Coisas que nunca antes pensei.
E na direcção que tomo sem rumo.
Assumo um reino onde sou farsante e não rei.
Todas as farsas que vejo.
De beijo em beijo.
Cruzo-me com máscaras de génio.
E não acredito numa Palavra.
Não acredito na Palavra.
O meu génio de Alma.
A minha pessoa e toda a calma.
Tudo isso me cruza com a Musa.
E quero sair da linha.
Quero descambar, encarrilar num trilho.
Mas sei…
Sem dúvidas e se tu duvidas eu não duvido.
Vou acabar sempre, por me cruzar com o sarilho.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Os Complicados

Gostar e não estar no mesmo lado.
Obras-primas, entrançadas umas nas outras.
Três cubos de gelo, um em cada pé.
Respeitador, Sério e Maldito.
O Auto-Proclamado Salvador.
Irreverente e Presunçoso, é.
Tudo isso e acredito…
Acreditamos piamente que gostamos.
Mas da Palavra até a acção.
Nesse espaço…
Metaforizo-me e multiplico-me.
Matematicamente sem fórmula, complico.
O caminho tem Safari, eu sou o Safari.
Tem tudo e não sou nada.
O caminho é vazio e por escrever.
É a Divagação na estrada a percorrer.
Divago descalço de percalço em percalço.
Calos nos pés, e gelo claro.
Cada vez mais duro.
O Pirata e o Palhaço.
Mantêm a face.
O sorriso e o laço.
Intocáveis, inabaláveis.
O complicado e os seus.
Eu e os Meus, Eus.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Musas

És salvação, és inspiração.
Musa, que inspira e usa o que suspira.
A ninfa das palavras…
Presença ausente com Espírito livre.
Contigo e por ti escrevo.
Voluntariamente preso.
Musa de cada verso.
E são os olhos,
E são as ideias,
São todas essas coisas as teias.
Teias de inspiração.
Que me amarram.
A mim, a nós.
Em cada Divagação.
Em toda a situação.
Acção, Salvação e perdão.
Conveniência versus Consciência.
És tu o ar que enche o peito do Pavão.
És tu, inflamação.
Pirata Maldito.
Miragem e Covardia.
O dia, a noite.
As Musas, que tu usas.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Relógio

Sim, só paras sem pilha.
E nem por isso o tempo abranda ou empilha
Olho-te e vejo-me nos teus ponteiros.
Vejo-me certo como tu.
Tac Tac, Tac Tac…
Eu tu e o tempo.
Já faz tanto…
Que estamos sintonizados.
E no silêncio da noite.
Enquanto te olho, na tua dança rítmica.
Tac Tac, Tac Tac…
O som do tempo a passar.
Ecoas a musica sozinho.
Como um pêndulo seguro.
Como se conhecesse o caminho.
Passado, Presente e Futuro.
No bolso, no pulso ou na torre.
Tu és a prova viva.
O registo para que viva.
A vida que corre, enquanto o Relógio diz.
Foi assim que fiz.
Ate que o Relógio morre.
Mas o tempo continua.
O Tac Tac, Tac Tac, ainda lá está, mas mudo.
E sem ser contado, o Tempo passa por mim.
Sem o Relógio o tempo passa-me ao lado.
Mas sem Tempo é o meu fim.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Compromisso e Covardia

Sim, tenho um Compromisso com a Covardia.
Pirata sem responsabilidades.
Que de cidade em cidade, em todas as cidades.
Rouba e parte corações.
Salvador sem causa, nem preocupações.
Mil e um saques, mil e um cacos.
Navego á procura por todos os mares.
Navegas perdido para te encontrares.
Navegador inconsciente, mal trata toda a gente.
O Pavão, o Pirata sem nada.
Causa perdida é origem conhecida.
Tantas tempestades, tantos copos de água.
Compromisso, Covardia e mágoa.
Nem rum, nem perna de pau.
Salvador o Pirata, Salvador o Mau.
A desilusão personificada, a pessoa complicada.
Compromissos quebrados.
Corações roubados.
Covardemente, Alma Penada.
Sim, sou o pior do mundo.
Naturalmente que o sei.
Conheço-me tão mal, conheço-me tão bem.
Crucifiquem, critiquem e julguem.
Façam o que entenderem.
Façam-no novamente, quando acharem que me sabem.
Comandante da descoragem.
O Salvador, a miragem.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Corpo e Alma

Não sei se é Corpo ou Alma o que me possui.
Asperamente aprazível, é incrível.
Setenta e Um a terra do Terrível ou Seis como Rei onde fui.
Desconhecimento, sentimento luso de busca e descobrimento.
Com todos os Adamastores virados Boa Esperança.
Grande é a viagem em loucura e comprimento.
Com musica, divertimento e até a exaustão claro, a dança.
Esgotam-se os números e todos os truques de magia.
O Mago Pavão, vai pelas ruas.
Passa a Praça, bebe chá e passeia-se por travessas.
A noite é fria, mas já foi mais fria.
O corpo acompanha a Alma, que o acompanha.
Mago e Matreiro, o gelo derrete com astúcia a manha.
E nós estamos bem aqui contigo, também.
Por isso estamos aqui todos, a circular nas travessas do Património.
A criar herança para partilhar depois.
Porque sois Tu e Eu o meu Corpo e Alma.
As vezes perto e longe, outras longe e perto.
Divago daqui para onde aqueço os pés.
Divago contigo, porque sei que és…
Corpo e Alma