terça-feira, 24 de novembro de 2009

A Voz que não sai

As vezes é complicado explicar o que vai dentro de mim.
Por mais voltas que dê e ginásticas que faça com o meu vocabulário, há coisas, que não são coisas, e sentimentos, que não são sentimentos, difíceis de exteriorizar.
E mesmo quando quero ter força para gritar, para que o mundo não me tome como mais um louco, não consigo.
A voz não sai.
Não fico rouco, nem gaguejo, fico mudo por fora e exaltado por dentro.
Enquanto espero pelo beijo que quero, sem ser capaz de pedi-lo.
Desespero na espera e estou, tudo menos tranquilo.
E mesmo apesar, de na cara aparentar estar calmo e nada me poder abalar, continuo mudo.
Na minha mudez ainda espero por aquele beijo que, imagino apenas, me libertaria desta incapacidade de gritar.
Anseio e semeio o medo no meu fértil interior, onde germinar é fácil e tudo o resto também é fácil, menos gritar.
E nos gritos, de todos aqueles que conseguem gritar, imagino como a minha voz poderia soar, se ao menos eu fosse capaz de gritar.
Resta-me apenas escrever e esperar eu seja capaz.
Mas enquanto esse, tão esperado, dia não chega vou tentando e sei que quando conseguir gritar o mundo inteiro vai parar para me ouvir.
E ai, quando eu for capaz, vou explicar todas essas coisas e sentimentos e pedir o meu beijo.