terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Mar Que Tu És

Este mar de cheiros e fluidos nas flanelas amarrotadas, que estavam geladas quando entrei e agora estão moderadas. Não estão quentes como quando estás aqui comigo, és um perigo… Esse mar que me acalma, é o mar em que me afogo sem oferecer resistência e me salva a alma. É a ponderação do insensato, é um gostar inato e no acto segredo-te o que sinto e não minto, falo através de todos os membros do meu corpo. És o mar para onde me atiro de cabeça ou como me pedires, com todas as pedras nos bolsos e até atadas nos pés, tudo para bater e ficar no fundo do mar que tu és.

Morde

Nada como a chama para atear o fogo pelas ideias e palavras de raiva que urgem em se fazer mostrar, tal como os dentes que a maioria dos cães mostra, apenas alguns mordem realmente. Com tudo isto a vontade é de ser canino e mijar nos pés daqueles e dos outros. De todos, morder com fúria e sem dó, principalmente quando metem dó e nem passam do ladrar. Mordo mãos, mordo trelas, mordo tudo e até as cadelas. Essas que entre os cios e os afins, perdem os pios e deixam de piar. Ou se piam eu deixei de as escutar. Caguei do alto para as cabeças de merda, para todo o esforço e para a perda, do tempo e da boa vontade. Quero é que se fodam, essa é a verdade.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Qual Quê? Qual Quando?

Há quem diga que está encarregue da Salvação, ou quem diga que é Saudosismo agudo, no entanto supõem-se outras ideias que se sobrepõem umas sobre as outras para se imporem, enquanto imploram para não se dissiparem. É o saber certo e pleno de toda a sabedoria que, sem pregar, houve Salvação, várias de vários tipos. Desde as famílias que se formaram em casas provisórias onde não se estudava nem cuidava do fígado que fingia ser imortal. Noites que se tornavam dias, que se tornavam em horas e minutos que se multiplicavam em cruzamentos de vidas que se juntavam e fizeram parte de fases Areosas, onde se salvaram vidas que hoje deixam aquela falta que fazem. Fases ao lado dos Coches, quando pé ante pé, havia novas arquitecturas e mais conjunturas, algumas puras ainda duram e de vez em quando curam pelas retóricas postas em dias que são mais longos que os normais. Quais saudades quais salvações. São divagações que se actualizam e em reflexões se auto-analisam. Foi há tanto que me esqueci, nasci quase que inventado e por um bocado poderia estar eu a inventar, mas não. Já me esqueci o qual e o quando, mais sempre do que de vez em quando, ando e actuo na roda onde rondo e compactuo, compacto, não recuo. Perante o vácuo mais vazio assisto e sorrio, vejo que a vida também já me sorriu, na roda que me fez e por entre merdas, até me aprazeu digo eu. É da praxe e vomito, metaforicamente, a continuação da outra reflexão. Famílias, de há tanto tempo que me esqueci, apresentam-se, sem serem de sangue e prontas a derrama-lo. Qual quê, qual quando? É até me apetecer voltar.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Andar do Tempo

É uma pena, não poder dominar o tempo como um só. Se aqui e na tua companhia o consigo parar e viajar nele, conseguindo quase tudo, lá fora ele não ele não pára nem tão pouco se deixa levar. E acaba por nos vir buscar, só para nos devolver a uma realidade que não é a nossa, é uma perda de tempo e apenas isso. Fujo dos ponteiros para o cimo destas escadas, onde me vou escapando do seu alcance, assim, por mais que avance não me rapta, não me captura, não me mata, nem me cura. Apenas eterniza este gesto, esta loucura.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Espírito da Pena

Notada e apontada, a menor frequência registada e apesar de não estar esgotada, aparenta andar desencontrada, com as linhas rítmicas das teclas malditas que sempre saltaram aparatosas como o verde do aparato que me chove perante a vista, uma pena que decide voar da janela até ao fim do sofá e por cima de mim ali está, a descer em frente ao meu nariz e é pelo triz que não a perco, num piscar de olhos e sem pena a observação que planeei enquanto a mesma caía, foge e se me distraia mais, perdia a vista da musa que flutuava. Sou um espírito e sem forma dispenso os formalismos. Enquanto assombro os ecos da tua voz interior. Tremes e quase te quebras e é nas fracções em que duvidas das tuas facções e te divides. Dás lugar a outras faces e façanhas vindas das profundezas das tuas entranhas, o teu consciente submerso, é evidente. Afinal para louco só te faltava o quê? Nada, nunca me faltou e modestamente digo que sempre abundou, é facto tão real como fatal, no contacto do ultimato que faço ao espírito da pena, que de forma grosseira me atira a pena para que relate tudo antes que a minha demência me mate. Mas não chego ao abate porque evito o combate, na magia do espírito e com ou sem pena argumento-me á tona do problema, por isso e sempre a respirar vou ainda assombrando esta frequência e sempre com aquela excelência, um toque de Pavão, só para aguçar a evidência.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Indecifrável

É extremamente difícil decifrar, não sei o que ando a fazer nem que pensar, enquanto os sentidos e as razões continuam a pairar, pelo ar elas voam desgarradas e a pairar estancadas. Paranóia, fobia, e toda e qualquer anomalia, do foro psíquico e esotérico, vivo com os pés neste, mas a cabeça no outro esférico, longe deste e quase periférico, o mundo ficaria mudo, histérico, se soubesse o quão insana é a minha prece, que aparece escondida, noutra face da minha vida, profunda e recolhida no grau da minha bebida. Assim corre codificada a profecia maldita da falta de razão do Pouco São, assim é e não decifro enquanto oscilo entre presa e animal mortífero, sofro mutações e fico possesso no processo e já tenho mil mãos e estou focado, penso, olho e vejo logo estampado o fogo que arde sem ser apagado, a chama do inspirado que, é porque foi e sempre será o Maldito do Auto-Proclamado e no toque da pena, desenha palavras com formas e cores e outros elementos, que se juntam na criação de algo indecifrável e inigualável, algo que é divagado pelo Pavão ao ponto de juntar uma imagem na imaginação, pelo menos da do Pouco São.

sábado, 3 de setembro de 2011

Tu vês e eu também vejo o sobejo do bocejo entre a fúria de um estalo e um beijo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Tela Partida

Não posso mais, perdi o princípio logo no próprio, sabia ser sem causa.
E sem por na pausa, segui e deixei seguir a ver onde dava sem deixar perder de vista.
Agora avisto o que por ver na frente já tinha visto, pressentir o que havia de surgir na curva.
A visão já está turva e o barulho do silêncio incomoda mais do que os gritos, esses ditos ensurdecedores.
Agora ponho as guitarras na cabeça para esquecer o silêncio que até a dormir me acorda.
Deixo as cordas oferecerem a música ao nó que tenho do estômago ao cérebro e que logo me aborda.
E acordado e sem dormir sonho que podia ser de outra forma que não esta, a semente do mal escapa-se e faz tremer o querer e os medos e pede salvações mudas em telas partidas que querem ser ressuscitadas por pregos linhas e agrafos até que volte a beber tinta com as formas das cores.
É por isso que não posso mais, porque me esgotei por saber de inicio que assim seria, mas que porcaria, ah bela merda, porque a tela está partida partiu-se uma parte da minha vida envolvida na semente do mal evadida, ainda nem sei bem onde é a saída.
Voltarei com a tela renascida.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Porque é da Praxe

Porque é da praxe e talvez por muito que ache, raramente procuro enquanto escrevo, seja presente, passado, ou futuro, é por isso e por ser da praxe, desculpe, respire fundo e relaxe, acenda um de hash e mude a perspectiva, activa como a locomotiva que circula, que faz as curvas e que pula, do carril, descarrila o reguila maldito. Mais uma vez fica o dizer pelo dito, bonito, do copito que me inspira e apito e apitas e sem dares conta, facilitas e cais. Volta a locomotiva, que move e locomove, ela é louca e move, com vida própria e prende e envolve usa e devolve, uso e devolvo sem estrutura, espremida e esmiuçada das formas, vês arte e deformas enquanto contornas o desafio visual, não é nada demais, é perspectiva acima do normal, presunçosa e desfocada, é porque é da praxe e mais nada.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Provavelmente

Provavelmente ela precisa de crescer, todos precisamos e todos crescemos, é um facto. Provavelmente, não, é provável que o crescimento que é inevitável, indomável e que, como o vento, nem sempre é favorável, traga equilíbrio.
Provavelmente por isso vejo que gosto e que pelo crescer, todos crescemos, pelo crescer possa crescer comigo. Só vendo e avaliando tudo o que vou vendo, acumulo e não me vendo, ainda ofereço aquilo que acho que também mereço, não colo preço e quero estar presente no crescer que é a Amargura e quero ver a árvore dar frutos quando estiver madura, é por isso que provavelmente me envolvo de cabeça e demente.
Provavelmente serei eu quem não quer crescer, serei eu que até já cresci, serei eu que parece que não, provavelmente serei. Mas é fundamental para o meu sintoma, para demonizar e perder um raciocínio que automaticamente se retoma e é facilmente admirável o que é possível fazer com o vento favorável, eu cresço e encolho como quero, não desespero porque actuo como sou, como quero ser e como me torno e apesar de fora da linha recupero logo o seguimento da minha.
E tudo se alinha, mas nem por isso se adivinha ou antecipa e participa tudo num texto mas é na minha cabeça que segue o verdadeiro contexto, que diz que a primeira ideia em nada contesta a que se segue a esta, provavelmente.

Carvão Caricato

terça-feira, 24 de maio de 2011

Definitivamente

Lavo a alma, mantenho a calma nas palmas inflamadas e de palmas voltadas, regresso e agradeço a bênção, de ser travesso e não me atrevo, nem me atravesso no caminho do pensamento, deixo a inflamação aplaudida ditar o ritmo da minha vida.
Sem que seja excessivo, entrego-me quando escrevo e não temo nem devo, apenas, sem maneiras apresento os meus próprios maneirismos, tiques e expressões, os meus próprios surrealismos.
E surro a criatividade espancando a fluidez do meu pensamento sem que consiga registar ao ritmo que me surge e urge com as sirenes ligadas, a emergência cada vez mais evidente de que a cada dia que passo, caminho o caminho do demente, passo com distinção, definitivamente.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Pretensioso

Pretensioso nas várias divagações dedicadas a elevações salvas na arrogância do meu nome.
Sem variar e apesar de ausente, mantenho-me auto-proclamado e como é hábito, demente.
Habito o tal local na minha mente, real e fictício, onde sigo amuralhado o rigor das pedras que me levam os pés sem destino.
Nascido no orgulho que defendo, dou por mim a codificar o obvio e há dias em que nem eu me entendo, apenas registo mais um tento e sem deslumbrar mantenho a arrogância e nem tento.
Choram os loucos da lágrima chorosa que fazem da sua casa também vossa, enquanto o louco emproado ora versa, ora prosa.
Acho que sou são e que me rio, mas desconfio que na maioria das vezes, ironizo sem que seja preciso e até podia fazer de outro jeito, mas este é o meu, não me desculpo por nenhum defeito porque no fim de contas, apontas sem dúvida que este sou eu.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Finalmente Somos

Quando gostamos ficamos mais bonitos, isso nota-se.
É óbvio, há químicas que agem dentro de nós nessas alturas e as pessoas sentem.
Aproximam-se porque a beleza é para ser desfrutada e partilhada.
Somos mais do que sonhamos, somos muito mais do que pensamos ser, muito mais do que julgamos conhecer, sem duvida milhares de vezes mais do que ganhamos ou do que perdemos.
Somos tudo isso e tudo o que não pensamos ser, tudo o que não julgamos ser, milhões de vezes o que alguma vez iremos ganhar ou perder, sou tudo isso e tudo o que ainda me falta conhecer.
Sou o somatório de tudo isso e tu também és, todas as fases, todas as frases, somos todas elas.
Sou a liberdade e a força, a criatividade e as regras que contorno, as estruturas que abandono e quando abono a meu favor, sou o turbilhão e o vapor.
Todas as formas que apresentas e aposentas, és e não te conformas e ambicionas, felizmente, está tudo na tua mente e brilhas novamente, finalmente.

sábado, 19 de março de 2011

Antagonismo Crónico Resumido

É a primeira desde a sedução do papão, retornado no registo despisto o egoísmo registado e tento o golpe, é bom que recorde e seja anotado. Sempre egoísta e a tangenciar o excesso, tento oferecer o ponto á situação que não tem alternativa, apenas pode escutar a fuga.
E ver na lupa o detalhe desvendado, detido e deturpado, daquele que se salva sem palmas e que sem ter medo de as oferecer às palmatórias, percorre viagens inspiradas em histórias.
Admito ser antagónico com algumas das minhas próprias arestas, mas estas admissões de presunção desmedida, com episódios de e com pressão sobre o mesmo que se pressiona, apenas sustentam alguns raciocínios surgidos noutros declínios, em que a minha mente já se perdeu ou encontrou.
Sei que o Imaginário mora na minha frente e muitas vezes nem sei se sou demasiado são ou demasiado demente. Jovem nas duas dúzias somo anos de erros, de acertos, de estragos e de consertos, cometi todas essas vivencias, respirei outras experiências, é escusado.
Por isso tenho quebras no alinhamento das ideias de que me alimento, no momento em que surjo e rebento, como a semente da planta em que me reinvento, espera, tira as teias e arruma o sótão de onde tiras os trunfos com que te lanças na derrota, na vida vivida.
Achas que és porque foste tentado, exibes-te e executas o teu íntimo, por isso intimo ate ao último folgo do fogo em que me foco a soprar, mas ainda não vou atear. Como uma promessa, entre as várias divagadas, segue o pensamento em busca da lógica que magica uma forma de se fazer ver, em vão…
Chocas assim contigo quando, reconheces essa inutilidade da produtividade, que a competição do mundo que te exige o melhor e mais competitivo instinto destrutivo, completamente nocivo, de que a tua existência apenas tem sentido se fores ouvido, se o teu rugido for reconhecido e haja uma marca da tua predominância.
Poderias, apenas, apenas se tivesses sorte, conseguir fugir da formatação que deforma a tua ambição em consequência da tua real realização, se pudesses eras, apesar, de novo apesar, apesar de louco, eras um pouco mais que isso, eras o pleno que constantemente procuras e inúmeras vezes possuído e sem ver, erradamente ostentas.
Independentemente de haver ou não, negocio com o papão, fica a ideia de que apenas a criatividade é a criação, tudo o resto, com maior ou menor percentagem, é exploração.

domingo, 6 de março de 2011

Vida

Era preferível que fosse de outra maneira, que fosse mais simples e verdadeira.
Mas não é e contra isso não vale a pena lutar, digo lutar sim mas não contra isso.
Contra outra coisa, conta com qualquer coisa e não contes com nada.
Vida, és complicada e rameira, atacas tudo a teu bel-prazer e matas-me com o fel do teu ser.
Mas não me vences e não penses que por te amar deixo de te lutar.
Não me julgues nem tentes saber o que vai na minha cabeça, não tens autorização.
Arrisco e sempre que descubro o sumo, descobres-me feridas fundas e afundas-me nas malditas com que me cruzas.
E nem eu tenho autorização, há dias em que sou um mero espectador do que me fazes.
Encenações, mortes e encarnações, tudo representações que me comem os meus corações.
Gostava mais que fosses honesta, que fizesses sentido mais vezes e que desses a outra cara.
És puta e adoro-te assim, guerreamos porque temos que o fazer, queres que te queira desse jeito, quero-te de outro e é assim que nos queremos, é por isso que nos entendemos e a briga é a razão por que vivemos.
Podia vencer-te em qualquer instante, tirava-te de mim e ganhava, mas para isso era o mundo que abdicava do insano que em particular nesta época do ano gela a vida que combate.
Mas não, venço-te no teu terreno e pelas tuas regras faço o pleno e ainda bem que és assim, rameira, não te queria se fosses de outra maneira.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Apelidados de Malditos

Maldição dos apelidos mais puros e mais semelhantes, sangues e antes que sangres a ideia anota que queimam a dita, na galhofa, mas urgem ao refugio mirabolante e focam perante o erro. Apostam em danificar cabeça, fígado e pulmões, vão fazendo estragos, cada um desses malditos, vive ditando vivências altamente profundas, na rotina que repetem, todos na mesma rotina e nenhum afina a retina, para reter algo que consiga mais que prometer dar certo, maldição, esta que a minha sina assina e quase que assassina, mas os malditos não morrem nem que percam a vida. Ficam pelos vestígios, pela procriação e feitos quase feitos, largam a semente do mal, concentrada daquilo que são, os seus não degeneram, dignos ficam a altura da gigante maldição e apesar de ela ser maldita e de nos arrasar, de aos poucos e poucos, nos matar dolorosamente, o maldito é daninho e fica focado em ter trocado o sistema do atento, que perde o sentido quando se realiza vazio ao lado do puros irmãos, pouco sãos, mas que seguem a linhagem, de certas pancas, falhas e erros, momentos perros e de desapegos de lógica, momentos malditos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Abana a Estrutura

Faz ouvir a tua palavra, faz dela a nossa luta e declama enquanto declaras o estado no sítio.
Situa a tua posição e cerra os punhos e os dentes, define as ordens e ataca em defesa da vida que vive presa a todas as obrigações, obriga-te a não te deixares ser obrigado por ninguém e agradece o que consegues e abana se conseguires.
Estrutura por via do abanão e não recues, oferece-te para lutar, honra-te com a oportunidade e ultrapassa-te a abanar o velho e define-lhe uma nova estrutura, não te sentes, não durmas.
Ri-te e sê o que eles temem, capaz e lutador honrado pelo privilégio de lutar a luta que é causa, erguer-se e debater-se e morrer se necessário, morrer a lutar é o que eles mais temem que faças, sabem que assim inspiras e que assim todos lutam a causa em causa e isso causa o medo por que tremem quando abanas a estrutura.

O Estrago

Fico estragado quando bebo, ainda estou estragado e agora nem bebo.
Rasgo em branco o nulo dos votos e abstenho-me de concordar com o desinteresse pelos estragos que nos são feitos, cambada de indivíduos que governam a esfolar o colectivo.
A dois passos do passo, passo os dias a pensar que estou a dois passos de perder a cabeça, passo ao lado a bom passo e antes que desapareça, que perca a cabeça, faço sumo e espremo a minha laranja como uma esponja.
Acho que já a perdi, mas como o amputado que sente a dor no membro que não tem, eu tenho a dor de cabeça, das cabeçadas que dou pelos estragos que faço quando estou estragado, das cabeçadas que dou quando em vão voto contra o desinteresse e esse é do tamanho da minha dor de cabeça, sumarento somo avarento em ideias e sem cabeça todas as gotas do estrago, cada vez mais danificado, passo estragado e decapitado com a cabeça perdida em algum lado.
Baixo a guarda e envolvo-me, entrego-me e devolvo-me, brinco jogos perigosos os quais sei sem dúvida alguma que me vão estragar mais.
Põe gelo na cabeça que não tens e te dói de tantas cabeçadas dar, ou então põe o gelo no copo que te estraga.
Dilui, vê-se flui um reflexo de quem fui, com cabeça e por estranho que até pareça, fui.

A Produção

É, inexistente é zero e sincero opino no nulo do que penso e real na realidade, acho realmente que os rasgos se encostam e deleitam no ócio opiáceo, de um salário mensal, semanal ou diário, mas se isto traz estagnação pensa no ano, em detalhe e de estação em estação, aponta todos os que saem, expulsos, alegres, desesperados e presos a uma vida que não conseguem carregar.
Encarregam-se e carregam em promessa dessa tal factura, que dura mais tempo que a tua vida dura, é duro fraquejar com tamanha vida para carregar e que ela acabe por te ganhar.
É certo que desmoraliza, mas a frio atiça a ira, acende a brasa, a chama, aquela gana furiosa que alcança na luta e chega por cima ao topo da vitória, no cimo da glória, momentaneamente.
Continua a não ser produção, e nesta também não o é, porque com o velho frio no pé isolo e logo noto que hoje não há mundo, há o inexistente, o produtivo que nem vivo e que nem morto produz, nem pelo desporto, apenas embarca na barcarola e inicia a viagem pela carola, e rola na barcarola até que salta como um coelho da cartola, a produção, inexistente e ilusória, um truque de magia, um brilho de ilusionismo, nada.
É, acho realmente que se deleitam, enquanto o mundo existe e o degradam, agravam e instalam uma crise enraizada, na cultura rica e bela, sempre presente e desde sempre endividada, o problema cresce e os inexistentes multiplicam-se para multiplicar o agravamento, tanto, mas tanto e eu até tento ser um dos raros, tanto que até eu afundo a barcarola e deito fora a cartola.
A nu a produção é simples e obviamente a solução, mas o problema passa por chegar a esse ponto, produção a nu e do isolamento do rebento de onde rebento e que me rebenta, projecto na nascença um astro que sabe o caminho e encontra a produção.
Tendo o destino sido escrito ou pintado, a viagem ajuda-me a gostar de ser apupado e sem estar preocupado aponto-me entre todos os donos do diletantismo, eu também me deleito, por azar ou defeito sou mais um inexistente, donos do diletantismo meus compatriotas, eu sou um de vós, um raro.
Afundei a barcarola com o peso da minha promessa, tinha o astro como bússola, por isso perdi o norte diletante, mágico e ilusório que me levou a escrever e pintar o meu destino.
Produto da multiplicação, somo sem produção algo que não há e junto uma medida do ingrediente que não é, agito, complico quando dito algo que nem sempre dá para passar da cabeça para o escrito e igualo um resultado, ócio, disse-o para mim e disse também que pela produção já não vou mais além, nem eu nem ninguém.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Memória de Liberdade

Como quem consegue ver nos olhos de um animal selvagem a memoria da sua liberdade.
Vejo nos meus espelhos a prisão em que vivo e vou morrendo.
Vejo a lembrança de tempos em que podia ser selvagem, podia ser animal.
Vejo apenas em memória, por agora é uma diferente história.
Refém de uma sociedade que tendo a desprezar e de um sistema fundado em contratos e juros e numa serie de puros embustes e embusteiros, que te cegam e te cercam e te prendem e não te matam, querem-te vivo e em cativeiro.
Recorro a copos e peço socorro a lembranças que me lembram das mudanças e por isso me afogo em memórias, onde, memorável e demente, passo por entre as grades desta penitência mental que me abrasa tanto as ideias.
Sonho acordado com a liberdade em que dormi anos a fio.
Sonho tão alto que desafio leis sem gravidades, nem quedas, nem paridades.
Ímpar e imparável sou o miserável mais afável que algum dia vi, único, raro, tão raro que não existo a não ser na vossa mente.
São visões espelhadas no íntimo de um Salvo.
São particulares por serem minhas e públicas pelo mesmo motivo.
São ainda, por enquanto a base de um mundo que muda de cara todos os dias.
São a base de quem se reinventa e aguenta criar a partir do nada para ser livre de tudo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

É Inevitável que uma Bola Role Quando uma Rua é a Descer

É inevitável voltar ao lugar, sentar-me a meditar e ir e voltar sempre ao mesmo lugar, tresloucado e a divagar. Num lugar entre isto e a realidade passa um enredo em que o mais amargo, o azedo, o obscuro ângulo do que salva, ate esse se enreda. São muros apertados que fecham no passo a fechar, o fecho que faço ao passar e a trama faz-se enquanto tento ir para outro lugar, nem sei se é o dia, nem sei se é a noite, são armadilhas e pressões e sonhos e brilhos que te cegam a razão, dizem que tens que ir a luta, tu vais e lutas. Dizem-te que te tens que estudar, tu vais e estudas, ate te dizem não faças nada disso faz sem sistema, tu vais e sem sistema não fazes, nem fazes quando estudas e quando vais a luta também não fazes.
É inevitável quebrar as rotinas, mesmo quando não as há, tal como o é de as criar, estas rotinas.. Esta passagem estreita que faço, agora invisível e mudo, no mundo que grita para surdos, para que os mudos façam palavra. Rotineira e com um cariz terapêutico, são explosões nas frentes convidativas e filmes e objectivas na produção, salvação para o insano e para o são.
Que são todos os que sou, sem grandes contas e rascunhos e tintas nos punhos da camisa, ou presunção, mas por agora ate posso ser apenas o mágico, que agita ideias enquanto magica sereias de cantos espantosos e que te atiram ao mar, nadas? Não era nisto que estava a pensar, sem grandes contas e sem querer fazer disto uma coisa pessoal, ri-te e atira-te.
Estas a ser preso pelo teu enredo, o dom mais azedo do presunção, o certo e absoluto nos laços que dás com veludo para que não expluda e explode ou ameaça, depende da sorte e dos danos e dos panos quentes com que amornas a fuga.
Parece realmente irreal, pensar este pensar sem achar que vou chegar, aquele lugar do ir e voltar e ir e ficar. Ponto tresloucado em que falas sozinho, espera, mas já falas. O outro ponto a seguir, em que falas com pinhas e garrafões de água, já mal da pinha e a meter água, esse ponto.
A grandeza pode ser questionada se achares que deves fazê-lo, se achares que é o teu dever, deves fazê-lo.
Evocas estrelas para que te guiem na iluminação da sua rota, temes vender a alma, mas não o excluis, como que o trunfo mais proibido para perderes enquanto achas que vais vencer.
A parte da tua alma, que como se fosse uma nuvem, tem a forma de um caixote, uma arca ou uma caixa, como a de Pandora, a morte da alma em troca de tudo o que o desejo adora.
Sabes que podes fazer mais, mas tens feito tudo o que te disseram para fazer e tudo o que te disseram para não fazer, falta fazer o que? Falta, troço, fazer algo que nunca tenha sido dito, algo nunca desaconselhado, nem nunca encorajado, algo nunca tentado, nem tão pouco pensado. O quê então? Salvo achas que inovas ou que o vais fazer, eventualmente, tu, eu e toda a gente.
Dementes e inspirados, antes isso a serem deprimentes e sãos, desinspirados. Era o que escolhia no dia em que essa escolha se poria, esse dia não acontecia e eu já temia, ate porque no fundo já sabia e atempadamente decidia, escolhia o que disse que escolheria no dia que não chegou e tanto queria, que chegasse e passasse promovido, não de facto, mas no meu sentido e distorção no ouvido, a demente inspirado. Guru impuro e frio para o futuro. Já nem sabes o que dizes, nem como te intitulas, nem tão pouco existes, evaporas como uma miragem e acordas no céu, com nuvens, varias nuvens todas elas diferentes, tens as nuvens em forma de estrela, tens nuvens que são deusas e nuvens que divagam, tens todas as nuvens e a caixa, tas na tua alma e entre isto e a realidade. Pensas que chegou a hora de abrir a caixa, deixar vencer o desejo, o erro, a fatalidade de seguires o trilho do mel, da abelha que me quer na sua colmeia, e vais abres e deixas vencer e desejas ter errado antes, ter cedido logo, tas cego. Ela ferra-te com fel e tu tens a boca doce, transformas isso em mel, fazes o teu papel, actuas e compactuas, fazes das tuas quando sabes ser e dizes que as culpas são tuas e sais, ileso a fazer estragos, ou sairias se não fosse esta a tua vez de estar cego, em lugar do papel e do cegar. Então ficas, vais para onde fores e vês as emboscadas montadas, estás paranóico e começas a gostar menos das pessoas, todas não, mas pessoas em geral, e questionas-te se serias um perigo para o mundo.
Ris-te e dizes a ti mesmo ainda feliz pela permanência no ponto tresloucado ainda de ponto certo e ritmado. Já o sou digo do alto do meu umbigo convicto que faço estragos, numa qualquer proporção, seja inversa ou directa ou qualquer outra estatisticamente fodida. Já o sou porque muito ou pouco devolvo ao mundo o estrago que o mundo faz em mim, neste ponto estático, do ângulo em que aponto, mais um ponto, divagado pelo sempre tresloucado, o salvo.