sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Estrago

Fico estragado quando bebo, ainda estou estragado e agora nem bebo.
Rasgo em branco o nulo dos votos e abstenho-me de concordar com o desinteresse pelos estragos que nos são feitos, cambada de indivíduos que governam a esfolar o colectivo.
A dois passos do passo, passo os dias a pensar que estou a dois passos de perder a cabeça, passo ao lado a bom passo e antes que desapareça, que perca a cabeça, faço sumo e espremo a minha laranja como uma esponja.
Acho que já a perdi, mas como o amputado que sente a dor no membro que não tem, eu tenho a dor de cabeça, das cabeçadas que dou pelos estragos que faço quando estou estragado, das cabeçadas que dou quando em vão voto contra o desinteresse e esse é do tamanho da minha dor de cabeça, sumarento somo avarento em ideias e sem cabeça todas as gotas do estrago, cada vez mais danificado, passo estragado e decapitado com a cabeça perdida em algum lado.
Baixo a guarda e envolvo-me, entrego-me e devolvo-me, brinco jogos perigosos os quais sei sem dúvida alguma que me vão estragar mais.
Põe gelo na cabeça que não tens e te dói de tantas cabeçadas dar, ou então põe o gelo no copo que te estraga.
Dilui, vê-se flui um reflexo de quem fui, com cabeça e por estranho que até pareça, fui.