terça-feira, 22 de junho de 2010

A Insónia do Insano

Dei uma, duas, três voltas sem fim.
Surdo com o silêncio ouço ranger cá dentro, ferrugem, pensamentos oxidados.
Pesadelos mudos, vozes na rua, um Nu que escreve.
Não adormeço porque já durmo, não acordo porque não consigo adormecer.
Penso num filme, vou escreve-lo, já o vivo.
Um que procura, uma simples procura, um ser, um…Salvador.
Ah! Ah! Frio, cara fechada.
Salvo pela sorte, pelo azar.
Salvo pelas asneiras, sem boas acções para salvar.
Salvador, salvo de sanidade, da sanidade, pela insanidade.
Salvo salvo esse detalhe.
Salvo pelos maiores defeitos, é mais fácil do que gostar.
Cospem o chão que piso, mas não dão facadas.
Pelo menos somos honestos, não gostamos.
Stress, ansiedade, depressão, tantos sintomas assintomáticos.
Espera, isso não tem sentido, a não ser que seja…não, não seria.
Sono? Se o fosse não seria insónia.
Que se foda, clareza, nada de meias palavras.
Acende-me um cigarro, faz-me o favor enquanto fumo.
Lençóis, amarrotados, perfumados, alegres…São só lençóis.
Escreves sobre loucura, deves-te achar.
Criticas-te, deves-te achar.
O Nobel já não está, heresia.
Melodia, bombos, começa a festa.
Enche-te de ar.
Pousa, sorri.
Crio caminho em degraus que sobem e descem.
A viagem não pára.
Não pode.
Transfigura-te, reinventa-te.
És livre, cria quem queres ser.
Sabes, mas és burro não queres saber.
És melhor que tudo isso, ignora.
Sorri de novo, continua.
Rodopia, fica cego.
Apura os outros sentidos.
Cai, respira.
O peso do mundo são muitas penas, é pena.
Dança, brilha, seduz, sê.
Entra no transe, não te deixes compreender.
A tua marca é só tua, não ofereças soluções.
Não faças nada, faz tudo.
Tu és eu e eu sou o que tu conseguires ver.
Tens a bengala, cede, sede, força, são só sensações.
Referências, estudos, complexidade e suposição.
Selvagem, Safari.
Primata criativo.
Ser odiável, admirável contraste.
Ri-te com o mundo e ri-te dele.
Abusa, estende todos os limites.
Concebe, surpreende.
Fica doido.
Não durmas.