sábado, 26 de junho de 2010

Cabeça de Merda

Sento-me na chuva do chuveiro morno.
Entro quente e arrefeço, desapareço no vapor.
Gargalhas lavadas com as manadadas de gotas atiradas.
A cabeça serve só para usar cabelo, ouvi, sorri e reflecti.
Não me conheces, não me reconheces.
Arranco um cabelo, arranco-os todos, um por um ate o último arranco.
A cabeça não serve para nada.
Faz merda se te fizer feliz.

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Insónia do Insano

Dei uma, duas, três voltas sem fim.
Surdo com o silêncio ouço ranger cá dentro, ferrugem, pensamentos oxidados.
Pesadelos mudos, vozes na rua, um Nu que escreve.
Não adormeço porque já durmo, não acordo porque não consigo adormecer.
Penso num filme, vou escreve-lo, já o vivo.
Um que procura, uma simples procura, um ser, um…Salvador.
Ah! Ah! Frio, cara fechada.
Salvo pela sorte, pelo azar.
Salvo pelas asneiras, sem boas acções para salvar.
Salvador, salvo de sanidade, da sanidade, pela insanidade.
Salvo salvo esse detalhe.
Salvo pelos maiores defeitos, é mais fácil do que gostar.
Cospem o chão que piso, mas não dão facadas.
Pelo menos somos honestos, não gostamos.
Stress, ansiedade, depressão, tantos sintomas assintomáticos.
Espera, isso não tem sentido, a não ser que seja…não, não seria.
Sono? Se o fosse não seria insónia.
Que se foda, clareza, nada de meias palavras.
Acende-me um cigarro, faz-me o favor enquanto fumo.
Lençóis, amarrotados, perfumados, alegres…São só lençóis.
Escreves sobre loucura, deves-te achar.
Criticas-te, deves-te achar.
O Nobel já não está, heresia.
Melodia, bombos, começa a festa.
Enche-te de ar.
Pousa, sorri.
Crio caminho em degraus que sobem e descem.
A viagem não pára.
Não pode.
Transfigura-te, reinventa-te.
És livre, cria quem queres ser.
Sabes, mas és burro não queres saber.
És melhor que tudo isso, ignora.
Sorri de novo, continua.
Rodopia, fica cego.
Apura os outros sentidos.
Cai, respira.
O peso do mundo são muitas penas, é pena.
Dança, brilha, seduz, sê.
Entra no transe, não te deixes compreender.
A tua marca é só tua, não ofereças soluções.
Não faças nada, faz tudo.
Tu és eu e eu sou o que tu conseguires ver.
Tens a bengala, cede, sede, força, são só sensações.
Referências, estudos, complexidade e suposição.
Selvagem, Safari.
Primata criativo.
Ser odiável, admirável contraste.
Ri-te com o mundo e ri-te dele.
Abusa, estende todos os limites.
Concebe, surpreende.
Fica doido.
Não durmas.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Talvez

Talvez não venha a mudar o mundo.
Com certeza o mundo já me mudou a mim.
Batalha após batalha.
Mudança após mudança.
Veremos quem ganha no fim.

domingo, 13 de junho de 2010

O Incoerente de Orelha a Orelha

Prepotência do sentado, que olha do alto alienado, sereno com o calculado, que foi devidamente previsto e notado. Olho arrogante e não me espanto, impávido, invicto.
A par do viver, impar com a morte que diariamente joga a sorte, arrisca, sorte, azar, o norte, o pesar. É... A frenética da enérgica lábia estratégica mata! Intensidade e espanto expressivo. Passo as mãos no rosto, gosto, tacteio expressões loucas sem receio, é o recreio, uma pequena aventura! É! Cura…E são gritos silenciosos adornados com a arrogância da vitória. Caras sem descrição, brilho, mágoa, amor e representação. O ser sem ser. O Ser. A vida toda, ou só um dia. Expresso numa face, tradução alegria. Estranho naquele hábito diário onde a minha não mente, que habito, rabisco e abstractamente publico. O Incoerente de Orelha a Orelha.

Hoje Sou

Sou a dança das caducas e suas árvores.
Sou o azul profundo de uma noite sem estrelas.
Sou a sarjeta e o templo.
Sou o mar de pedras sem sentido,
Que vão sentindo o peso do passo vivido.
Sou o curso de água que baila na fonte.
Sou o passado sentado na primeira fila do presente.
Serei o futuro.
Mas por agora, sou uma noite na meia estação do meu sítio de eleição.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Se Eu Tivesse Uma Ilha

Se eu tivesse uma ilha.
O tempo era meu.
Quem escolhia as horas, era eu.
Se eu tivesse uma ilha.
Nela o tempo voava.
Para a frente e para trás, eu controlava.
Se eu tivesse uma ilha.
O pôr-do-sol era a toda a hora.
Intercalado com o nascer do Sol de hora em hora.
Se eu tivesse uma ilha.
Era uma ilha de loucos.
Todos eles, nós…respeitávamos apenas uma regra.
Era a verdade.
Nos meus loucos, entre os que andavam na minha ilha.
Havia uma louca verdadeira.
Doida varrida, uma amiga de primeira.
Ela dizia que queria um caixão de vidro.
Uma espécie de moldura, um livro.
Nele desejava ver as suas cinzas a dançarem com flores.
Se eu tivesse uma ilha.
Essa louca era deusa, era religião.
Eu não tenho uma ilha.
Mas tenho esta Divagação.
Rezo aqui orações divinas e desejos loucos.
Brinco com o tempo que nos queima aos poucos.
Eu não tenho uma ilha.
Mas tenho ideia de como seria se tivesse.
Vivo de acordo com a ideia.
Dos Loucos e da regra da verdade, como se lá vivesse.

sábado, 5 de junho de 2010

Eu pego na coisa mais insignificante e vivo-a.

Mais Perto do Universo

Então…
O meu nome é Salvador, estou sentado numa mesa porca.
Em guerra de letras, flutuo sentado e virado para a porta.
Na serrada, a distorcida vista.
Segue a sombra e o vulto da pista que avista.
Ah… Oscilo.
Identifico óculos, copos e palha, génio e umas tralhas.
Amanhece na mesa o ontem histórico.
Monologando eu sussurros tísicos.
Argumento louco no espelho, vomito recursos estilísticos.
Entretanto divago e já estou perdido no piloto automático.
Não conduzo, só já vejo a viagem.
Pergunto-me.
Pergunto-me o que?
Não sei que resposta dar.
Canto profecias, mas não sei do que estou a falar.
O consciente, ou o outro…
Então…
O licor é o mote para respirar, já volto.
Um trago, um tiro.
Doce, certeiro.
Repito todas as etapas.
Uma após outra, estou cada vez mais perto do universo.
Divago, literalmente.
Ainda oscilo.
Procuro o raciocínio pelo seu fio, mas já não o encontro, desconfio.
Saboreio, bafejo.
Fresco, forte.
Mais uma vez, repito todas as etapas.
Uma após outra, estou cada vez mais perto do universo.
Agora não divago, o fio achou o raciocínio e faço o escrutínio.
Sou olímpico nas etapas.
E exclamo, sem reclamo, apareço e declamo o parecer de um insano calmo.
Provo, respiro.
Aprecio, suspiro.
Mais uma vez, repito todas as etapas.
Uma após outra, estou cada vez mais perto do universo.
Sou Irónico, de baptismo Salvador é claro que é de mim que tenho que ser salvo.
Sou Sarcasmo e nem de propósito, eu sou a minha marca, eu não sou plágio.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Acidente

És aquela curva perigosa.
O arco no asfalto de alto risco.
E arrisco, digo.
O sitio, o lugar e o espaço.
Por onde passo e por onde passam.
Onde vários cruzam.
Uns ousam, uns usam e outros e abusam.
Mas o certo é que passo, cruzo.
E de todos, como quase todos.
Despisto-me.
Sou mais um intruso na tua direcção.
És o acidente de quem não viu os sinais.
Não! És perigo para os olhos que fogem da estrada.
Fogem para ti.
Desviam-se do caminho.
Ignoram a sinalização.
Musa és a trilha para a minha desgraça.
Sorte e azar para quem passa.
És o desprezo por todos os indícios.
É o topo na pirâmide dos meus vícios.